Um homem pode ter muitos amigos. A mulher pode ter muitas amigas.
Mas nada é igual a uma amizade com alguém do sexo oposto. É diferente, é uma relação especial, na medida em que pode ser mais rica, mais instrutiva e muito gratificante. Se não é assim, penso que deveria ser !
Como ? Por quê? Para quê?
Porque assim posso confiar nela sem desconfiar que elas não confiam nem são confiáveis.
Porque quando ainda mal nos conhecemos, posso falar com ela como se fóssemos velhos amigos.
Para ter chance de falar de mim a uma mulher, sem nenhum propósito de seduçao.
Para dizer a uma amiga mulher o que não se diz a uma mulher amiga.
Para não me prender a muitas normas de etiqueta nem esperar que ela tenha de fazê-lo.
Para aprender a ser espontàneo, na mesma medida em que estimulo a espontaneidade dela.
Para confidenciar-lhe sem retoques o que o homem pensa da mulher, e saber o que ela pensa dele.
Para sentir-me um pouco aquele adolescente irreverente, sem o risco de ser visto como tal nem ser repreendido pela minha falsa irreverência.
Para brincar como criança, sem medo de ser considerado um idiota.
Para deixar-me parecer um idiota, sem a preocupação de ser com ele confundido.
Porque diante de uma verdadeira amiga mulher posso soltar meus demónios sem o receio de ser julgado ou apedrejado.
Para falar de sexo sem a intenção de sugerir que o façamos.
Para falar abobrinha ou jogar conversa fora, sem obrigação de ser polido nem sensato.
Porque posso soltar fantasias cretinas ou indecentes, tendo a certeza de que minha amiga as apoiará ou, no mínimo, me ouvirá com paciência.
Para não precisar parecer machista o tempo todo.
Para ter um contra-ego amigo e ver, no espelho de molduras femininas, como fica minha cara quando estou sorrindo e, principalmente, quando suponho que meu choro foi bem escondido.
Para acharmos graça quando percebermos que amizade entre sexos opostos é complicada pra cacete...
Para sermos comedidos se descobrirmos que entre um homem e uma mulher nunca existirá apenas amizade.
Para, quando o mal-entendido surgir, dar um tempo para refletir. Pedir desculpas se for o caso e corrigir os equívocos, se ambos acharmos que a amizade vale a pena.
Para que tudo isso seja uma via de mão dupla: tudo que espero dela ela possa igualmente esperar de mim.
Para que, se a relação valer a pena, eu gaste horas do meu tempo rabiscando estas bobagens, na expectativa de que possam servir para alguma coisa.