Surge o som do clarinete numa terça de carnaval, ao longe, crescendo com uma troça pequena de uma comunidade da Madalena.
A música tem uma letra que fala da saudade do Recife e uma consequente volta para esse lugar. Saudade? Como ignorar um sentimento que coróa minha existência?
A música surge no silêncio de um começo de tarde, soando baixinho tal qual a troça de pessoas simples do bairro, como se quisesse dizer: -"Vem, vem ver que a vida ainda vale o sorriso que eu tenho pra te dar".
E a música cresce com o andar dos minutos e a proximidade de minha casa, fazendo pensar na impregnação do frevo na personalidade pernambucana. O frevo já não me é apenas uma vertente musical, mas é antes uma forma de ser que é complicado saber se o frevo fez os pernambucanos ou se ele assim o é em consequência do jeito de ser dessa gente.
E, da mesma forma que surge, desaparece aos poucos, levando a troça, a alegria, a vibração... fazendo sentir, nesse exato momento, apenas o pulso do surdo de meu coração, lembrando a saudade... espiando até ver se a vida ainda vale o sorriso....