Falar sobre filhos. Vinícius já falara no poema enjoadinho. "Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos como sabê-lo?".
Quem dera, o Poeta, vivo estivesse. E nestes tempos bastaria passar um e-mail, e simplesmente pedir um novo poema. Ou melhor, desta feita gostaria que continuasse o poema enjoadinho. Seria a parte II, talvez.
Ah! Filhos adultos! Como seria poeta?
Como você falaria sobre as nossas realidades?
Como você prosaria a cerca da insatisfação da adolescência em resposta aos nossos ensinamentos?
Como se daria o prosseguimento ao poema onde você acertadamente exalta a magnitude dos filhos? Obviamente ali, os bebês, ou os pequeninos, aqueles gorduchos ou magricelos, brancos, negros ou amarelos a todos encantam! Porém, eles crescem e então...
Esta é a preocupação! Eles crescem!
Eles crescem e mudam.
E quanto aos eternos conselhos sobre bebidas, drogas e companhias?
Poeta a realidade agora é outra, os problemas de agora diferem dos daqueles tempos.
Não mais podemos sair para tomar aquele uísque ou chopinho e voltar na madrugada para casa, ilesos.
Agora, também não podemos, se você quer mesmo saber, nem em casa ficar, pois ainda assim, corremos riscos de invasões, sequestros e tanto mais!
E com todos esses problemas ainda aparecem outros mais, criados e trazidos pelos filhos, que, conforme escrevo, agora adultos se tornaram.
O choque de opiniões tornou-se uma constante. Os valores são adversos e nos escondem a simplicidade da vida, obstruída pelo nosso egoísmo ou ciúme.
Enfim, sentimos muito a tua falta poeta!
Com certeza, responderias, a despeito de tudo isso, que o amor ainda se faz presente e resgatarias com a poesia de tuas palavras as coisas belas que ainda continuam por aqui. Ou talvez, até por ironia, você ainda respondesse: "Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos como sabê-lo?".