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Cronicas-->Visões do Condomínio Brasil -- 25/07/2000 - 03:22 (Guilherme Gouvea) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Habitando a Morada Habitual -
uma visão mau-humorada do
Condomínio chamado Brasil.



Bate dez vezes o relógio do 101. Por sorte minha que não conta às 22. Hora da descarga do vizinho do 302. Não sei o que se passa, mas o barulho vara a noite. Se ao menos fosse trepando, vá lá, mas as duas dessa semana já se foram. Há um mês morando aqui, nada superou a maldita barulheira inorgástica. Só perdem para o Gugu, que massacra a parede e o meu sono na rede da varanda.
Pela força, o moleque deve jogar com a raquete superpropulsor (superpropulsor americanizado mesmo, forçando nosso MACsotaque), dessas que vendem na tv onde o sujeito não precisa nem se concentrar. Até que outro dia escapou da mão quebrando a porta da varanda. Não reclamo mais, embora minha mulher se metacomunique com o cabo da vassoura desde que nosso filho trocou tapas com o pai do raqueteirinho trajando Guga. Sem a cabeleira, o talento, a fama e os milhões - que porventura desfilariam em meu condomínio. Em troca do ouro tem o Jubert, um cão chato que acorda o Alfred e outro diabo lá de cima. Não sei se irrita mais o latido ou os donos gritando seus nomes.
Fujo para tragar, cá na varanda, em busca de paz. A vizinha do prédio em frente, sempre se arrumando, pouco me ereta. Bota longa, excessiva pintura, nem imagino qual seja sua passarela. E, na busca da fama, fico vendo, mas não compro. Engraçado que ao seu lado habita a tradicional família. Até a avó morando entre gatos e milhares de brinquedos espalhados. Não se sabe o que é do felino e quais são das crianças. Aí a porra da gota do ar-condicionado cai na pontinha do cigarro estragando o meu dia. O jeito é pedir uma pizza por telefone e assistir TV. Óh porcaria de lugar.
- Têm pizza de catchup?





Habitável Morada Habitual -
uma visão bem-humorada e adolescente do
Condomínio chamado Brasil

Passa delícia filha do Chao. Uma ninfetinha dessas que nos provoca e depois urina na cama. Invisto alto na fantasia mas, na hora h, a realidade é de um pobre dum país que não tem empregos. Mas isso não é problema meu e ela é realmente uma tentação, olha só. Caminha pela sala, abre a porta do quarto e eu fico imaginando aquela Disneylandia, louco para brincar, mas com o passaporte vencido. Só me resta ouvir os passos que estão sempre acima de mim. Hun: agora ela foi para banheiro. Que pisada...
Não era nada demais, puxou a descarga. Meu sonho por água abaixo, na hora em que chegava lá. É o destino. Me sinto como os sobrinhos pobres a bater na porta do Tio Sam. Mas corro para a janela, quando a ninfeta não está em casa, obviamente. O casal ninfomaníaco do prédio em frente também diverte, mas vez ou outra fecham-se as cortinas restando à imaginação. Mastigo o feijão com gosto de lagosta. E não é que é lagosta mesmo! Enquanto isso o elevador chinês passa musicando a noite triste, silenciosa, com seus botões baratos - quase escravos.
Nos dias de jogo o astral do condomínio melhora. Ninguém bate porta, se batem também é tudo festa. Os mais tarados gritam seu time da janela. Outros punhetas respondem lá de baixo. Grita até Zé de Fátima, um sujeito desempregado há anos. Que delícia! Fogos explodem aqui perto mas diz a bula que não faz mal. É como o cigarro, só manter longe das crianças. Mas silêncio que começou o jogo. Ah, interfona para o Juan e o Pablo virem assistir o jogo aqui conosco - já que estamos na mesma.
- Oh lugarzinho bom de habitar.
- Hola hermanos, sentem-se, a casa é toda...

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