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Cronicas-->Amor, paixão e avareza -- 30/01/2003 - 07:53 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

"L"amour toujours l"amour..."







Aprendi que o amor não é elétrico, como uma corrente alternada,

entre dois pólos. Aprendi que ele é simétrico, por ser "uma busca

de semelhança, com profundo e recíproco respeito pela sagrada

escala de valores" de cada parte, "sem perda da individualidade."

E, como a vida é curta, ele é eletrónico; embora veloz, sempre

dura menos que o desejado pelas partes, depois de uma longa

espera para instalar-se entre elas.

Assim, este modo de amar, que chamo de diligente e nipónico,

pode vir a ser costumeiro entre amantes, e difere do chamado

de romàntico, ou fundamentalista, aquele de conto de fada, do

falso poeta, em que há uma doação incondicional, irresistível e

irrevogável do si mesmo ao outro.

E, mais: é preciso saber diferençar o amor diligente, também, da

paixão e da cobiça.

Na paixão, há uma ambição desmedida, uma das partes torna-se

objeto para a outra, sentindo, durante algum tempo, por causa

do amor, mais do que é justo sentir, como teria dito Spinozza.

Na cobiça, ou avareza, há uma obsessão que leva o sujeito a

fazer da outra parte, definitivamente, o seu objeto. E,

obsessivo, vai à loucura, sem retorno à sanidade.

Há, também, o amor erótico, filho da pobreza e da fartura, duro

e seco,do bem próprio, egocêntrico, de desejo aquisitivo,

de movimento ascendente, indutivo, da Terra para o Céu, uma forma

de auto-afirmação das mais altas, nobres e sublimes, um jeito

humano de amar, na maioria das vezes, sucumbente. Tània Aguiar,

desta Usina, recomenda antídotos para os excessos: na paixão

(ylang lang, vermelho, desambicioneiro) e na cobiça (violeta,

desobsessiva.

Provocado ou motivado, Eros reconhece o(s) valor(es) do seu

objeto, e depois, ama, sem medo de ser manipulado. Ora cai em

descrédito, ora adquire peso preponderante. Cobra (do outro) a

devolução da graça recebida. Tem cuidado com o outro, de início,

como estado nascente da comunicação amorosa.

E existe o amor "agápico", o de Ágape, a deusa que desce à Terra

para banquetear sua felicidade com o Outro. Faz oferta para o

bem comum, é de movimento descendente, dedutivo, do Céu para a

Terra, é altruísta, não procura a si mesmo, dá-se, sendo

simbolizado por rosa(s) ou quartzo rosa. É jeito divino de amar.

Deus é Ágape. Soberano em relação ao objeto. Direcionado ao mal e

ao bem.Espontàneo.Transbordante.Imotivado.Misterioso. Ao amar,

cria valor no objeto. Devolve a graça recebida.

Éros e Ágape formam entre si um arco-iris de belos matizes do

amor, cheio de vida.

Faz sentido para você?

Como nos tempos dos gregos, a discussão genuína para mim,

também, nunca finda. Por isso, recebo, com prazer, maiores

esclarecimentos.

Em tempo: Foi destas noções sobre o amor que cunhei minha música

preferida, em ritmo de bossa nova. Veja a letra dela, clicando

no título, abaixo:



Toxi...naná!











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