Aprendi que o amor não é elétrico, como uma corrente alternada,
entre dois pólos. Aprendi que ele é simétrico, por ser "uma busca
de semelhança, com profundo e recíproco respeito pela sagrada
escala de valores" de cada parte, "sem perda da individualidade."
E, como a vida é curta, ele é eletrónico; embora veloz, sempre
dura menos que o desejado pelas partes, depois de uma longa
espera para instalar-se entre elas.
Assim, este modo de amar, que chamo de diligente e nipónico,
pode vir a ser costumeiro entre amantes, e difere do chamado
de romàntico, ou fundamentalista, aquele de conto de fada, do
falso poeta, em que há uma doação incondicional, irresistível e
irrevogável do si mesmo ao outro.
E, mais: é preciso saber diferençar o amor diligente, também, da
paixão e da cobiça.
Na paixão, há uma ambição desmedida, uma das partes torna-se
objeto para a outra, sentindo, durante algum tempo, por causa
do amor, mais do que é justo sentir, como teria dito Spinozza.
Na cobiça, ou avareza, há uma obsessão que leva o sujeito a
fazer da outra parte, definitivamente, o seu objeto. E,
obsessivo, vai à loucura, sem retorno à sanidade.
Há, também, o amor erótico, filho da pobreza e da fartura, duro
e seco,do bem próprio, egocêntrico, de desejo aquisitivo,
de movimento ascendente, indutivo, da Terra para o Céu, uma forma
de auto-afirmação das mais altas, nobres e sublimes, um jeito
humano de amar, na maioria das vezes, sucumbente. Tània Aguiar,
desta Usina, recomenda antídotos para os excessos: na paixão
(ylang lang, vermelho, desambicioneiro) e na cobiça (violeta,
desobsessiva.
Provocado ou motivado, Eros reconhece o(s) valor(es) do seu
objeto, e depois, ama, sem medo de ser manipulado. Ora cai em
descrédito, ora adquire peso preponderante. Cobra (do outro) a
devolução da graça recebida. Tem cuidado com o outro, de início,
como estado nascente da comunicação amorosa.
E existe o amor "agápico", o de Ágape, a deusa que desce à Terra
para banquetear sua felicidade com o Outro. Faz oferta para o
bem comum, é de movimento descendente, dedutivo, do Céu para a
Terra, é altruísta, não procura a si mesmo, dá-se, sendo
simbolizado por rosa(s) ou quartzo rosa. É jeito divino de amar.
Deus é Ágape. Soberano em relação ao objeto. Direcionado ao mal e
ao bem.Espontàneo.Transbordante.Imotivado.Misterioso. Ao amar,
cria valor no objeto. Devolve a graça recebida.
Éros e Ágape formam entre si um arco-iris de belos matizes do
amor, cheio de vida.
Faz sentido para você?
Como nos tempos dos gregos, a discussão genuína para mim,
também, nunca finda. Por isso, recebo, com prazer, maiores
esclarecimentos.
Em tempo: Foi destas noções sobre o amor que cunhei minha música
preferida, em ritmo de bossa nova. Veja a letra dela, clicando
no título, abaixo: