Há certos dias em minha vida que viajo pelos meus pensamentos, vasculho lembranças, derrubo portas, procurando a resposta. Hoje é um desses dias. Não consigo me sentir a vontade nessas ruas. Não me enxergo nas outras pessoas. Estou tentando descobrir porque vim parar nessa tribo, cujos costumes eu não consigo entender, e muito menos seguir.
Nessa tribo, as regras são tantas e tão confusas que ainda vão me enlouquecer. Querem use aquelas roupas diferentes, justamente aquelas que me deixam igual a todos os outros. Em nome da boa educação, algumas vezes tenho que sorrir, mesmo que o meu sorriso seja falso e esconda lágrimas de mágoa. Já em outras, preciso apertar os lábios e segurar uma risada, mascarando-me de uma sóbria tristeza. Para não correr o risco de infringir a eterna regra da responsabilidade os meus sentimentos devem estar sempre em segundo plano, ou terceiro, até em último se for preciso. No manual de sobrevivência que me foi entregue destaca-se o item APRENDER A MENTIR. É, isso mesmo. Mentira pode até ter perna curta, mas aqui, sem ela, não se pode andar.
Mas o pior de tudo nessa tribo é ter que aceitar. Eles me pedem pra aceitar que o seu ouro é mais importante que a minha dignidade. Que para alcançar o meu objetivo, terei que trair meus princípios. Aceitar que o poder de um esmaga as necessidades de muitos. Aceitar que a ingratidão fique entalada na minha garganta. Aceitar que não existe amor sem interesses e que a vida separa grandes amigos. Ridículo, não? Prefiro continuar atrás de uma resposta. Talvez ela me ensine a ser feliz nessa tribo sem ter que me submeter à s suas cruéis regras.