Lembro-me de ter sido a primeira locação do
prédio da Rua General Càmara, esquina com a Rua
Barão do Triunfo. Era uma construção de quatro
apartamentos, sendo dois em baixo e dois em cima.
Nós ficamos com o de baixo e da esquerda. Talvez
pelo pé de pinheiro que havia neste, meus pais
fizeram a opção já que fomos os primeiros a
chegar. E até o porão que existia debaixo da
escada que dava para o andar de cima, foi nos
contemplado.
No andar de cima à direita, morava um casal muito
simpático que tinha três filhos: duas meninas
e um menino. O César era doente, e me parece hoje,
que ele estava com a doença de Parkinson, mas
não tenho certeza. Das duas meninas, a Neneca
era meu xodó.
Muito sabida era aquela mulatinha, cheia de
graça e dotes culinários. Sempre que podia ela
fazia uma festa na cozinha, com seus sabores e
temperos.
Eu gostava muito dela, principalmente quando ao
chegar do colégio havia sempre um prato de comida
feito por ela e mandado com muito carinho para
mim. Mais tarde, seus pais foram morar em Minas
Gerais junto com os outros filhos, e lá se foi
a Neneca e seus quitutes, deixando muita saudade.