Em outra ocasião fui a Piabetá com dois colegas de trabalho que moravam em Niterói. Trabalhava na antiga Rio-Petrópolis, atual presidente Kennedy, próximo à praça da Emancipação. Eu, assim como meus colegas, pintava letras em cartazes, faixas promocionais com o chefe e mestre Jamil.
Um dia, um deles precisava fazer um trabalho de macumba, também conhecido como despacho em uma encruzilhada. Esta precisava estar absolutamente deserta no momento do ritual e sem habitações por perto.
Fomos num dia de chuva em que o vagão do velho trem deixava a mesma se acomodar no lado de dentro, com alguns passageiros de guarda-chuvas desfraldados. Chegando ao nosso destino, fomos caminhando até a casa de uma conhecida do nosso amigo que nos orientou sobre a encruzilhada ideal ao propósito que nos levou até Piabetá neste dia. Após muito caminhar encontramos a referida na qual se deu o ritual com sucesso, segundo o autor do mesmo. Da minha parte, devo acrescentar que a velas, apesar da chuva, não se apagavam. Não sei até hoje, o porquê.
Na volta, procurando encurtar caminho, passamos por uma estrada de terra batida onde me deparei com uma das maravilhas do mundo ou de minha vida. Nesta, havia uma casinhola de madeira e telhado de sapê. Uma jóia rara. Era pintada de azul, com vasos de flores na janela, cortinas brancas, quintal varrido com esmero, canteiros e alguns coqueiros. No portão havia uma tabuleta branca, pintada em letras azuis e com desenho rústico. Denunciava a própria simplicidade dos que mal conseguem escrever: