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Cronicas-->Pra quem? -- 14/02/2003 - 18:29 (Luis da Silva Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pra quem?




... e próspero Ano Novo! (o início deste período, sobejamente conhecido, valeu para a semana passada, por isso não o transcrevi ).
Aurélio diz que Próspero é propício, favorável, ditoso, feliz, bem sucedido, afortunado, enumerando, com isso, vocábulos diversos na aparência, mas que apresentam a final, o mesmo sentido, a mesma situação de prosperidade, aos quais posso adicionar rico, para cima, na crista... em alta...
Está claro que a expressão não se adapta à gente no geral, mas a uma determinada gente, a uma classe, a uma estreitíssima faixa do estrato social, inobstante dita a torto e a direito por bocas desdentadas ou de dentes curtos ( de tanto morderem uns aos outros ), numa utopia doentia, opiácida, inebriante, viciosa, que causa dependência, gerando um estado de carência marginalizante.
- Ano Novo? - perguntou-se a si próprio o investidor de certo banco -. Que é Ano Novo?
- É o ano que vem - respondeu alguém que passava.
- Cê acredita?
O outro não respondeu, acendeu um cigarro e foi se matando por aí.
Realmente, acreditar é difícil. Eu diria impossível, não por pessimismo, tão-somente para resguardar-me de uma decepção que se repete ano após ano.
- Próspero!... - resmungava aquele dono de fazenda, quero dizer, ex-dono.
Só porque era improdutiva? (cruzes!) e o que é ser produtivo? Seriam produtivos aqueles que classificam de improdutivo isto ou aquilo, ou, isto e aquilo? Sei não... O que sei é que os investidores ansiosos de prosperidade (não interessa à custa de quem pois investiram o seu dinheiro e, afinal, negócio é negócio), perderam a oportunidade, perdendo, até agora, três quartos dos seus investimentos líquidos; o vómito do leão saiu ontem, todavia, como os bancos não abrem hoje, só ano que vem... o que sei é que quem era improdutivo, talvez por falta de condições, não terá mais oportunidade de produzir.
Ano Novo!... O ano é novo, mas os seus acessórios são velhos, até os preços de certos produtos básicos ( para o produtor) pois foram anunciados antes.
O pior nesta terra é que tudo propicia o arrocho de muitos e a prosperidade de poucos, até a natureza. Se por si só, a especulação faz a miséria da vida do povão, vem, ainda por cima, a chuva e, de um lado, mata a plantação afogada; do outro ela não vai, e mata de sede. Com isso os especuladores riem, sádicos que são, pois venderão caro o produto da terra tendo desculpa para isso...
- Que prosperidade?... - perguntou o desempregado sem perspectiva de emprego.
- Prosperidade... - ironizou a mulher despedida do emprego por estar grávida.
- Próspero Ano Novo? - perguntaram muitos que, depois eu soube, tinham carro para necessidades, investimentos, terras, filhos, perderam o emprego, pagavam escola, compravam livros, pagavam luz, água, telefone, ónibus...
- Próspero?, pra quem? - perguntou o mutuário. Ninguém sabia, e ninguém respondeu.
Eu, por mim, só sei que para ser próspero, atendendo às especificações de Aurélio, seria atender às próprias necessidades humanas, o que aqui, não é fácil...
Indalus
Campo Grande-MS, 31.12.85 - 08:53



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