O Senhor Bruno era alemão. Um bom alemão. Empregado na fábrica de estofados Primavera, deixou-a para ser proprietário da Sublime, do mesmo ramo.O Lula trabalhou na fábrica por uns tempos. Ele morava na Rua General Càmara e era vizinho do Enock. A esposa do Bruno,Anita, era alemã também, alta, magra e vigorosa. Mantinha a casa impecavelmente limpa e seus filhos estudavam debaixo do mais nobre rigor germànico. Eles tinham televisão e a garotada, Ã s vezes, assistia, com o Ronaldo e o Renato, os filhos deles e colegas nossos, sentados no chão, defronte ao aparelho mágico, ao Teatrinho Trol da TV Tupi.
O velho Bruno tinha uma mania interessante: com os antebraços puxava as calças pela cintura enquanto uma canela coçava a outra. Era um cacoete tão peculiar que a genética o repassou para os filhos.
Um dos poucos cidadãos do município que era proprietário de um automóvel. Uma certa ocasião ele trocou seu antigo carro por um Simca Chambord. No dia em que chegou com o carro novo foi uma admiração geral. Eu, até hoje, me recordo do quanto orgulhoso ele ficou e falava do desempenho daquela máquina, e da admiração que eu sentia. O carro era muito bonito. Os dois se mereciam. Grande Bruno.