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Cronicas-->Um dia de maio - Sensação de Felicidade -- 21/02/2003 - 23:44 (Manfredo Niterói) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um dia de maio

Acordo e vejo o belo dia que faz lá fora. Olho pela janela e vejo pessoas idosas indo a caminho de seu banho de sol. É mais um dia que começa.
Penso em como tudo era gostoso e legal a um tempo atrás. Minha vida começava a definir o seu verdaeiro caminho - não aquele que eu a impunha, mas aquele que ela sempre quisera seguir - e memórias voltam como a água de um riacho bravio, passando rápidas e levando consigo o que há por perto.
Voltam as lembranças de noites agradáveis, onde se falava, durante toda a noite, dos mais variados assuntos. Cada qual possuia uma opnião própria a respeito de cada situação, de cada fato, de cada acontecimento. Havia um respeito mútuo pela opnião alheia. Havia o respeito de um pelo outro.
Lembro-me da beleza que via, mas que poucos, talvez nem ela mesmo, conseguisse perceber. O quão linda ficava quando feliz; o quão maravilhosa se mostrava quando ria.
Não posso ainda esquecer-me de seus carinhos, de seus afagos. É tudo muito recente. Tudo acabou de uma forma muito feia, muito ridícula, por assim dizer.
Mas tudo, a qualquer tempo, tem um termo. E com ela não foi diferente.
Imagino se hoje ela conseguiu colaborar, de alguma forma, para o movimento do mundo. Será que seus sonhos de ajudar aos outros - idosos, crianças, doentes, etc. - realizou-se? Frequenta a Igreja de seu amigo paralítico. Procurou um orfanato para contar estórias a crianças? Se prontificou em um asilo a conversar com os idosos?
Penso o quanta vida aquela mulher poderia passar para alguém mais velho. O quanto o brilho dos olhos daquela moça poderia ser importante para uma idosa desgostosa da vida, cansada de ser esquecida pelos amigos e familiares. O quanto aquela moça, cheia de vida, poderia repor as energias daqueles que as têm, mas deixaram que ficassem adormecidas. Ia ser legal saber se tudo deu certo.
Imagino-a cercada de crianças - "expressão máxima que Deus existe", sempre dizia a ela - contando algumas estórias de coelhinhos bonzinhos, ursinhos peludos, cavalos mágicos, cavalheiros medievais e, principalmente, de princesas e fadas.


Percebo que o tempo passara. Olho pela janela novamente e vejo as pessoas, atarefadas, que começam a sair para seus ofícios. Penso também já ser a minha hora de partir. Vou-me, deixando para trás lembranças felizes de um tempo que, infelizmente, passou.
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