Pela manhã, em minha caminhada rotineira, mudei de itinerário.
É bom "variar um pouco". A rotina alija-nos, mas nos escraviza também...
E num desses "desvios" passei por Escola Municipal, de crianças "especiais", com a Síndrome de Down.
Fiquei distraída a olhar para aquele quintal da Escolinha:
Todo gramado e com flores diversas espalhadas pelos canteiros.
E o que mais me chamou a atenção foi a doçura com que aqueles pequeninos seres brincavam por ali, sem danificarem nada... O parquinho, bancos e mesinhas... Tudo na mais perfeita harmonia...
Passei a compreender o porquê de os chamarem "crianças especiais..." É porque o são. Mesmo!
Distraída em minha contemplação, parei a apreciá-los pelas grades, inebriada...
Inesperadamente, vi um bracinho estendido, através da grade, ofertando-me uma flor azul, colhida de um dos jardins.
Uma flor singela e fresca... Meus olhos magnetizaram-se com a gentileza daquela atitude inocente e, de repente, não consegui fazer distinção entre a flor e a criança, como se tudo fizesse parte de um corpo só...
O lindo menino, de olhar dócil e sorriso puro, mantinha a florinha na mão à espera de que eu a pegasse. E disse-me:
- Você não quer? Não gosta de flores?
E eu, como se tivesse penetrado num cantinho do Paraíso, respondi:
- Claro, meu amorzinho! Gosto da flor e de você também...
Inocentemente, com aquele brilho "especial" no olhar, ele balbuciou:
- Eu também "Te gosto!".
Beijou a flor depositando-a em minha mão.
Jamais esquecerei a linda flor daquele olhar azul. E, certamente, mudarei a rotina de minha caminhada matinal, rumo à quele Pequeno Paraíso...