Táti chegou cedo ao shopping. Foi direto para a revistaria e comprou Marie Claire. Sentou num banco, próximo à loja de calçados masculinos e folheou a revista. Despertou para a reportagem sobre a vida da Gisele Bundchen. De repente, uma funcionária da loja interrompeu a sua leitura e a convidou para participar de uma filmagem de propaganda. Ela representaria uma cliente fazendo compras. Táti ficou com jeito de medo misturado com satisfação. Nunca havia participado de uma filmagem. - Càmera! Luz! Ação! - Poderia mudar a sua vida. Tantas mudaram. A prova estava ali, nas suas mãos . Gisele, aos 14 anos, era menina sapeca, magrela, de nariz fino e se tornara um modelo de fama mundial. Topou! A produtora explica-lhe o roteiro: "Você escolhe um sapato, me pergunta o preço, eu digo. Em seguida eu lhe mostro outro modelo e falo sobre ele. Você faz jeito de quem gosta e compra." Táti, assustada, sem jogo para fazer de conta, perguntou: "Não pode ser um sapato feminino?" "Não querida! A loja só vende artigos masculinos. Faça de conta que é presente para o namorado." Achou aquilo muito estranho. "Abril? Dias dos namorados?" "Não se preocupe, Táti, diz que você gosta de dar presente." Táti se preparou. Fizeram cinco cenas, não repetiram nenhuma. Ela se comportou muito bem. O cinegrafista e a produtora foram embora, a balconista tratou de repor, nas estantes, as mercadorias que, supostamente, havia comprado. Tatí não ganhou nem um cinto para presentear o Gui. Pelo jeito que ela mexeu com os ombros quis dizer: Não faz mal. Bundchen renovou o contrato com a C&A por US$5 milhões. Se ela pode, eu posso.
LIZIAS