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Cronicas-->Ouço pingos pelas paredes. -- 17/03/2003 - 01:22 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos










Foi em 1947. Então, eu tinha seis anos de idade. Levei a muda da Fazenda dos Murta para

a casa onde morávamos. Era uma jabuticabeira, numa lata de vinte quilos. Uma caixa d á-

gua foi construída pertinho dela. Veio a rede de esgoto. Vieram os novos sinos para a igre-

ja. E a chuva de cada ano. Lá, ela prosperou a trancos e barrancos. E ela gostou. Deu-nos

belos frutos, durante 56 anos. Por força dos vazamentos, este ano ela foi decapitada. Um

grande telhado surgiu e, em seu lugar, em menos de uma semana, estava uma grossa ca-

mada de cimento.

Em relação à Usina, não sei em que tipo de envólucro estava a sua muda. Sei que já deu

belos frutos. Mas não sei quando um telhado maior poderá surgir em seu lugar. De vez em

vez, ela fica amarela, ameaçando secar, e demora a nos dar acesso aos seus galhos. Tomo

um susto. Porém, logo depois, ela se abre e permite que coloquemos nossos bons frutos

em cada ponto dos seus ramos.

Temo por uma página em branco, ocupando todo o vídeo, em lugar desta "jabuticabeira", e

por uma mensagem ao pé da mesma página, dizendo

"Concluído" ou "site não encontrado",

sem que possamos nela trepar novamente. Melhor é adubá-la, e disto o estrume faz parte.

Refrescá-la. Deixar que venha a rede e ela continue inesgotável. Inspirar-nos nos sinos

de igreja por perto e nos signos que intercambiamos. E esperar, "um à-toa muito ativo",

como disse Guimarães Rosa, em seu G.S.V.. Ou seja, perigosamente, escrever, escrever e

escrever. A simpatia do leitor será conquistada sempre que os frutos estiverem maduros e

reluzentes. De vez em vez, haverá sempre um ou outro fruto esturricado pelo Sol ou arro-

xeado e azedado. Porém, o sabor da maioria deles dependerá sempre do saber cativar de

cada escritor.













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