Há dias que D. Joana e seus cinco filhos estavam com febre em casa.
Não tinham o que comer, não tinham dinheiro pra ir a canto algum, tão pouco tinha emprego, além das suas lavagens de roupa.
Após três dias de febre, dores de cabeça e dor de estomago. D. Joana, resolveu ir, com a sua prole ao pronto socorro.
Depois de horas na quarta manhã a caminhar, chegaram em frente ao Pronto Socorro, quase sem forças. Lá encostaram-se nas paredes, esperando que alguém lhes desse o lugar até serem atendidos,coisa que não aconteceu.
Às vinte e uma horas foram chamados pra serem atendidos.
D. Joana explicou os sintómas e disse que há dias não comiam.
O médico, investido naquela bata branca de vida ao próximo, ainda de cabeça baixa, nem levantou pra examinar, como seria de praxe, num consultório particular. E mais rapido, que um grito de desespero deu a pobre senhora uma recita, com três folhas de medicamentos.
D. Joana tentou argumentar, mas o médico tão simpàtico como muitos que as nossas universidades formam, disse secamente:
- Outro!..
Às lágrimas daquela mãe, mulher serenavam na face, sob os gemidos de dor e fome daquelas crianças.
E ela humildemente revoltada falou:
- Meu senhor, o que devo fazer com essas receitas, comer ou fazer chá.
E antes que a hospitalidade do velhaco despontasse ela saiu no mesmo pé que voltou.
Há poucos metros dalí a sua filha menor desfalecia em seu colo.
Aquela senhora, hoje anda nas ruas, como memória de um país que por seus homens não respeita o seu povo.