Já há muito tempo me acostumei com o vidro de maionese Hellmanns. Aquele tradicional, estou certo que me entendem. Os outros fabricantes que me perdoem, embora eu também os prestigie com meus parcos reais, a referência continua sendo a Hellmanns. Na realidade, eu nem sequer compro maionese. O que compro é uma "maionese do B", taxada de light, diet, boilite, o que seja. Ao que consta não se trata de maionese quando se analisa a composição. Quanto à função, funciona. Molha o pão e enriquece o sanduíche. Humaniza a batata, compõem bem com kani-kama. Alegra o cachorro-quente.
Ocorre que já estou farto. Não propriamente da maionese. Estou farto, fartíssimo, de lambuzar a faca para retirar a parte final do vidro. São anos a fio lambuzando a faca sempre que o pote está por terminar. Insisto em aproveitar todo o conteúdo, não é tempo de desperdícios. Comprar a maionese já é um luxo, nem pensar em desperdiçá-la. Observo que os concorrentes imitaram também o pote e o problema é o mesmo. Uma lambuzeira só.
Eu sei que há outras formas de apresentação, mas como me livrar de um vício tão antigo? As outras apresentações, tirando a embalagem industrial que não se aplica ao meu caso, não são tão económicas.
Será que ninguém vê isto? Será que o governo não come maionese? O que este pessoal passa no cachorro quente? Ninguém meleca a faca no final do vidro? Por que não usar um pote como os de margarina? Nunca lambuzei a faca com margarina, funciona direito até o final.
Porque o governo não faz alguma coisa? Talvez porque não se use maionese em pizza.
Escrito em 03.08.2000
Publicado no sítio Crónica do Dia em 19.08.2000 (http://www.patio.com.br/cronica/indago00.html
