Filhas, há muito, e muito tempo que eu luto contra as forças do mal.
Sempre procurei fazer as coisas certas. Mas há quinze ou dez anos, que tenho sido injusto. Tenho pensado só em mim. E por isso, tenho cometido inúmeros erros.
Bem que eu gostaria de ter passado um pouco da minha vida sob os vossos térnos momentos...
Ouvindo os seus sorrisos, brincado de esconde-esconde, ajudando nas tarefas da escola, arestando as intrigas e protegendo-as do medo do mundo, do medo das coisas e quem sabe dividindo um pouco das minhas dificuldades com o prazer que me é bem vindo, quando vocês estão por perto.
Não sei se deveria dizer isso, mas nada deu certo pra mim, pelo prísma de minha triste visão.
Em nada consigo me destacar...
Não sou um bom pai,
Não sou um bom profissional,
Não sou um bom filho... Na verdade nem tenho família.
Já fiz tantas coisas, mas tantas coisas, que as vezes, nem consigo me olhar no espelho.
E quando quero levantar, continuo sob as mãos do mundo, do urbano, profano... Continuo a errar.
Não que eu não seja humano, não que eu não tenha que errar. Mas continuar errando. Isso é um fim.
Contudo, quero vos dizer, que não sou um bandido, que não sou de todo um mal.
Confesso que estou no escuro precisando de Deus, precisando de amigos, precisando de vocês...
Precisando de vocês pra pelo menos conseguir ser o que venho tentando desde menino.
Hoje não adianta mais chorar. Mas sofrer amadurece, e quem sabe até antes de eu morrer, ao menos vocês não crescem.
Há filhas!...
Eu quis ser tanta coisa, mas não passei de um traço na folha de todo o desenho, de toda a cantiga de rodas e de todo o medo que vocês viveram.
Vocês estão aí. E eu andando...Talvez procurando a capa, a máscara ou o tempo encantado, pra ao menos ouvir o sorriso de vocês.
Estou com tanta saudades, que nem sei o que inventei...
Mas, apesar de invisível...Eu amo vocês.