Numa época de pouco recursos, a criatividade e o talento, têm sido de grande valia para o suprimento de carências monetárias, em alguns momentos. Lá em casa não foi diferente.
Meu pai tinha uma notória cumplicidade com o talento e a criatividade mas que como um bom cearense, não era de ficar se lamentando. A qualquer dificuldade, ele dava um jeito que sempre passava por algum tipo de manifestação artística, para supri-la.
Mas, mãe é mãe, e a maneira que ela resolvia as dificuldades financeiras era quase sempre bem mais palatável. Eu digo quase sempre porque à s vezes eram recursos bem pouco palatáveis,como da vez que ela fazia umas sandálias femininas de ráfia. Quase sempre eu ia com ela na Penha, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, para comprar as tais ráfias e os solados. A loja ficava perto do cinema São Pedro e a gente ia nos ónibus verdes que faziam a linha Penha-Caxias.
Bom mesmo eram os quebra-queixos. São apenas uma das melhores guloseimas que se tem notícias.
Eram feitos de coco ralado e as porções mágicas da dona Isa. Pequenos como se fossem balas de puxa-puxa e embrulhados em papel manteiga, faziam sucesso entre os meus colegas do Instituto de Educação Roberto Silveira que mesmo em sala de aula ficavam querendo. Eu era o vendedor oficial dos quebra-queixos e naquela época vendia muito, não pelo meu poder de convencimento, eu só os transportava, mais sim porque eram tão bons que todos queriam degustá-los.