Era uma tranquila tarde de sábado, onde a brisa soprava entre as árvores da praça que foi construída à s margens da antiga estação ferroviária.
Um homem com passos lentos caminha sob a imensa sombra refrescante formada pela união das copas.
Depois de andar muito, ele senta em um banco, calmamente saca um cachimbo e com todo cuidado, prepara seu companheiro para degustá-lo por alguns minutos.
Após o demorado ritual de preparação, finalmente ele com classe e tarimba de quem é um grande apreciador, ascende o artefato, levanta-se, e vai caminhando em direção à estação.
A caminho ele vai falando em alto e bom som:
- Vamos que já está quase na hora, o trem das quinze e trinta com destino a Tangamandápio, já está esperando o embarque dos senhores.
Uma senhora que passa pelo local observa a cena, um tanto estranha, e com toda educação e receio, pergunta ao homem:
-Porque o senhor está anunciando a saída de um trem desta estação sendo que a muitos anos ela está desativada?
O homem com um olhar agora triste explica:
-É que grande parte da minha vida eu dediquei à esta estação, quando ainda garoto eu era responsável pela limpeza, e sempre almejei ser o vendedor das passagens, mais tarde com muito trabalho e dedicação eu consegui me tornar o vendedor que sempre quis ser, foi quando chegou a notícia de que esta estação ia ser desativada. E mesmo com ela desativada, eu venho todos os dias e anuncio a saída de todos os trens.
Após o diálogo o senhor abaixa a cabeça, apaga o cachimbo, derrama uma lágrima e vai caminhando sobre os trilhos. Inconformado por terem lhe tirado o grande sonho de ser o vendedor de passagens.