DISCURSO DE POSSE NA VICE-PRESIDÊNCIA DO TRT (21.07.2000)
Deus, Pátria e Família. Eis o tripé que orienta os meus dias e guia os meus passos.
DEUS, porque sem Ele o homem perde a essência, adquire a brutalidade dos animais e passa pela vida tristemente, vagando pelas sombras, feito “um longo dia sem sol”.
PÁTRIA, porque aqui nascemos e deitamos nossas raízes, aprendendo a ver o pavilhão auriverde tremulando ao vento e ouvindo, desde os tenros dias, os acordes emocionantes do nosso hino, admirando as figuras honradas que estão no panteão da pátria e que constróem a sua grandeza, assim como o grande Barbosa Lima Sobrinho, recém-falecido, exemplo insuperável de amor entranhado ao Brasil.
Mais que brasileiros, sacode-nos o orgulho de sermos nordestinos, aqui deste Ceará invencível, onde o homem, desde cedo, conhece os desafios da natureza, lutando contra a seca, porfiando contra a adversidade e, tal e qual no poema de Demócrito Rocha, feito “um gigante anemiado, nos últimos arrancos vai resistindo e morrendo, resistindo e morrendo, morrendo e resistindo”.
FAMÍLIA, porque sem ela, célula mater da sociedade e geratriz do nosso equilíbrio, somos tão desgarrados e desesperançados como um bicho solitário.
Portanto, nesse dia em que, pela vontade unânime dos meus pares, retorno à vice-presidência desta Corte, além de agradecer aos colegas o sufrágio unânime do meu nome, rendo graças ao Criador por me haver feito assim, dotado de uma aguçada sensibilidade, capaz de captar as emoções que a vida nos oferece no inigualável e gratuito espetáculo cotidiano de um novo dia, renovando na luz clara das manhãs as esperanças que depositamos no porvir, de haver me infundido uma fé inquebrantável, dando-me forças para suplantar os embates que a cruenta e imprevisível “struggle for life” vai arremessando ao longo do nosso itinerário e, sobretudo, por me haver feito brasileiro e cearense, filho desta terra do sol que eu tanto amo e da qual jamais me cansarei de exaltar as belezas.
Sou grato, ainda, por ter nascido da família em que nasci, podendo ver, com enorme satisfação, ainda agora, as cabeçinhas encanecidas dos meus estimados pais.
Sou cativo de gratidão imorredoura por haver tido a ventura, na minha existência, de encontrar a minha querida Alice, que vem comigo, ombro a ombro, palmo a palmo, seguindo a estrada do bem querer já por numerosos maios e que, para meu orgulho e vaidade, deu-me a paternidade do Ronald Júnior, da Ana Cristina e do Fernando Augusto, os dois primeiros aqui presentes, juntamente com nossos netos, Luíza e Ronald e o caçula, por determinação do destino, uma vez mais, geograficamente distante, mas, a um só tempo, pela magia agridoce da saudade, tão perto do coração!
Estou imensamente feliz por ver aqui, neste recinto, tantos rostos amigos que vieram, com o calor de suas presenças, dar um sentido maior a esta festa. Obrigado, muito obrigado!
Encerrando as minhas palavras, eu não poderia esquecer a missão a mim confiada, vice-presidente desta Corte de Justiça, em substituição ao Dr. Cardoso, por motivo de sua aposentadoria.
Não bastassem as atribuições jurisdicionais específicas e regimentalmente previstas, cabe ao Vice-Presidente, ainda, exercer a Diretoria do Fórum, isto é, em comum acordo com o Presidente da Corte, promover a coordenação dos trabalhos das Varas do Trabalho, estar em contato permanente com os colegas do primeiro patamar que, na verdade, são as pilastras da nossa instituição, suportando o peso de um verdadeiro alude de processos.
Sentimos a inefável sensação de haver feito a nossa parte, na comissão instituída pelo Presidente da Corte, para o estudo da reivindicação de novas varas, aprovado essencialmente pelo TST, numa emblemática amostragem do quanto vale o trabalho coeso .
Peço ao Senhor que ilumine os meus dias, ao Espírito Santo que aclare a minha inteligência, à nossa querida mãe de Fátima que não me perca de vista, abrindo os meus olhos escancaradamente para que, do nascer ao por do sol de cada dia, jamais me desvie nos labirintos e engodos da travessia, tendo sempre diante dos meus olhos, como um farol ou uma estrela guia, a imagem sacrossanta da JUSTIÇA!.