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Discursos-->Dia Internacional da Mulher -- 14/04/2000 - 04:21 (Ruth de Souza Silveira Jobim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Discurso proferido pela autora em 24/4/2000, por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher, no Clube Internacional de Brasília.



Senhoras embaixatrizes, companheiras do Clube Internacional de Brasília, prezadas amigas:

Em primeiro lugar, agradeço o atencioso convite da Presidente de nosso Clube, Senhora Maria Lúcia Moriconi, para, nesta oportunidade, falar pelo Dia Internacional da Mulher.

Em verdade, é este um tema que só não compreende a metade do que há para dizer sobre o ser humano porque abrange mais. E isso pelo simples fato de que, graças à nossa condição, somos a geratriz de todo e qualquer representante da espécie, pelo menos até que não se leve às últimas conseqüências a chamada clonagem, ou o que seja, para substituir a reprodução natural.

Embora sempre inconformada com sua posição secundária, num mundo onde ainda prevalece o direito da força, pode-se afirmar que, só no século XX, conseguiu a mulher seu espaço, como elemento de atuação na sociedade. Sem dúvida que o homem sempre a cortejou e dela dependeu. Mas a rainha do lar, dotada de estrutura óssea e muscular menos poderosa, sempre viveu em situação mais submissa que majestática, relativamente ao chamado sexo forte.

De qualquer sorte, provida de inteligência sob vários aspectos superior à do homem, sempre pôde, através dos tempos, dominá-lo (ou pelo menos domá-lo) e, por vezes, superá-lo. Sua técnica? A mesma do ser humano em geral, quando coloca os outros animais, humanos ou não, a seu serviço. Não vai nisto nenhuma restrição a nossos parceiros, mas o fato é que ela sempre retirou sua força da própria fragilidade. E por causa disso é que, mesmo em sociedades nitidamente machistas, tem conseguido impor o predomínio de seu valor e de sua personalidade, muitas vezes ante a ilusão contrária de seu companheiro.

Da forma como me expresso, parece que afirmo ter sempre existido uma espécie de guerra ou luta entre os sexos. De certa maneira, é o que realmente estou dizendo, embora o ideal, como seres que nos aprimoramos constantemente, seja alcançarmos um estágio de evolução em que prevaleça a verdadeira solidariedade, não só entre ambos os sexos, mas entre todos os integrantes da espécie, sem distinção de qualquer natureza.

No limiar do novo século e do novo milênio, são da maior importância as conquistas da mulher, em todos os quadrantes da Terra. Assim, e apenas para exemplificar, não só obtivemos o direito de voto como o de ser votadas, daí hoje podermos marcar nossa presença nos diversos setores políticos, seja nas assembléias e parlamentos, seja no comando administrativo das mais diferentes entidades públicas e privadas. Pelo estudo e pelo merecimento também logrou a mulher chegar aos cargos e postos mais elevados, em todas as esferas de Poder, no Brasil e demais países.

Será que, em face da luta, do trabalho pela melhoria de vida no Planeta e das conquistas alcançadas, perdeu a mulher algumas de suas antigas regalias? Sem dúvida que sim. Por exemplo, talvez não receba tantas flores como recebia. Os versos que os poetas lhe dedicavam hoje também apresentam outros tons e estilos, enquanto os enamorados se tornaram mais explícitos e diretos, em seus jogos de sedução. Ocorre que este foi um risco por ela assumido, quando deixou de ser a santa ou a devassa de outrora, para, conscientemente, transformar-se na dona de sua vontade e de seu destino.

A mulher também contraiu obrigações antes inexistentes, como a de contribuir financeiramente para o sustento do lar e educação dos filhos. Deste modo, quando volta à casa, no final do dia, esposa e mãe, ali a esperam os afazeres deixados pela manhã, o que não sucede com o parceiro, este ainda no entendimento de que o lar é, antes de tudo, o repouso do guerreiro. Tais ônus, contudo, só a alegram e dignificam, pois são o preço da liberdade e da independência conquistadas.

Prezadas senhoras e amigas, longa é ainda a estrada a percorrer e os obstáculos a transpor, até que a mulher chegue realmente a ombrear com o homem, na organização da sociedade. É de crer mesmo que um novo conceito de família e de pacto de convivência ou não convivência entre ambos venha a surgir, como meio de possibilitar ou viabilizar a nova realidade. Mas de esperar também é que, alcançada a igualdade, ou a emancipação, não queira a nova mulher ir além, aí caindo no extremo oposto de substituir o machismo pelo feminismo.

De qualquer maneira, alimento a convicção de que, assim como o século e o milênio vindouros trarão a sonhada e completa independência da mulher, também uma era de compreensão e trabalho conjugado surgirá entre os representantes da espécie humana, visando ao bem de todos. Que de tudo isso também participe e se beneficie o Brasil, nesta segunda metade de milênio em que ingressa, quem sabe até com a eleição próxima, diante do insucesso continuado dos varões, de uma representante do chamado sexo fraco para a Presidência da República.

Com essas reflexões, aqui registro a homenagem que o Clube Internacional de Brasília presta à mulher que luta por seus direitos e para tornar melhor o mundo em que vivemos.



Muito obrigada.

Ruth Silveira Jobim
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