Quando em 21 de Dezembro de 2001, por mero acaso, inseri o meu primeiro texto na Usina, estava muito longe de prever que o continuado decurso desse exercício viesse demonstrar-me quanto o ser humano pode de facto tornar-se perverso, mesquinho e, na situação presente, descaradamente fraudulento e covarde.
Também sequer considerei que a espontânea simpatia e atracção que tinha pelas coisas do Brasil viessem a sofrer uma enorme baixa em meu apreço, o que doravante me coloca em estado de pujante pé-atrás, espécie de "alto-lá" em face da espertalhona cambadazinha biltre que se me foi deparando, uma boa dozena de snobs imbecis a fingirem-se de escritores.
O facto de na mais lata desmedida lhes ter replicado ao extremo, reagindo até com virulência que em nada me dignifica, conforta-me a decepção e alenta-me a atitude precatada que de futuro vou naturalmente utilizar. Estou cansado das ninharias em que incautamente me deixei envolver. A indiferença é sem dúvida a mais aconselhável das posições para fazer face a semelhante concurso.
Restam os oásis, os usuários serenos, aqueles que já não se seduzem pelo falso e hipócrita elogio dos sonegadores de serviço, completamente desinteressados da competitividade literária, uma vez que a mesma não é salutar e se enforma numa autêntica fraude lesiva do valor e do mérito. Afinal estamos aqui para nos tranquilizarmos e fruirmos o prazer de ler e escrever consoante soubermos e pudermos.
Divirtam-se pois todos muitíssimo que, pela minha parte, vou divertir-me à minha maneira e de acordo com a intenção límpida com que expus o meu primeiro trabalho na Usina. A melhor estratégia comportamental neste sítio é não ter estratégia nenhuma. Desta feita não há estrondo capaz de levantar o morto...
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