Já observei amantes e apaixonados...
Escrevo aqui com a propriedade de quem já fui envolvido pelos dois sentimentos... Um é leve como as brisas do além, enquanto o outro embora não pareça a princípio, depois de um tempinho pesa no peito como um coração de chumbo.
É bom que não confundir os dois, porque assim como a verdade e a mentira, eles podem vir vestidos um com as roupas do outro... Também podem surgir no teatro da vida com o mesmo nome... Porque embora os termos sejam empregados de formas iguais para ambos, as diferenças são enormes... As conseqüências também... Os passionais são perigosos... Perigosamente apaixonados... É por isso que existem crimes passionais... A morte pela paixão...
Os amantes de quem falo não são apaixonados e portanto, não matam jamais.
Alguém me disse que o amor é então muito bobo, e respondi que pode ser uma questão de opinião de quem não sentiu essa força que pode mover (e move) o universo. Apaixonados podem ser encontrados desde entre os mais fanáticos políticos e ou religiosos, aos torcedores de um time... Ou ainda dos mais inveterados viciados em drogas ou jogos, aos mais maníacos loucos.
Mas entre os que amam podem ser encontrados todos os que a chama acesa em seus peitos curou todas as mazelas colocadas pelas paixões. Eles são como Jesus Cristo... Mas os apaixonados como quem o matou e ainda matam em seu nome segurando um livro na mão a esbravejar suas paixões subidos aos púlpitos... Entre os que amam pode ser encontrado Ghandi, mas entre os outros os que diziam segui-lo mas o mataram também, movidos pelas mesmíssimas paixões... Entre os que amam podemos encontras Sócrates, mas entre os outros os que fazem das suas palavras pretextos para semear aquilo que ele jamais pensou. Estes ainda seguram o copo de cicuta, e pelas suas paixões tem coragem de fazer o que sempre fizeram até com a própria mãe...
Mas o amor é o mesmíssimo, e sua voz ainda ressoa acima das cabeças dizendo:
“Eles não sabem o que fazem”.
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Adelmario Sampaio