Não adianta tapar com areia a saliva escura da língua que se estende no pacífico branco rodeado de mar. A culpa já não se sabe de que em é. Todo mundo empurra pra todo mundo. Mas o Rio não suporta mais ver tapada suas bocas. Não temos mais tempo para perder e pensar de quem é a culpa de quê. O que aconteceu com Copacabana? Nada. Esta é a palavra. Taparam a sujeira que encobre a vergonha, como se assim bastasse – o que os olhos não vê, coração não sente.
Até que um dia a língua escondida na boca fechada mas encostada no céu da boca vai se abrir de novo. Com fome. Com falta de espaço e ar. No próximo grito de nojo.
Isto tudo sem mencionar a próxima comédia – ou seria tragédia? - da Linha Amarela e seu complexo da maré.
Adiante percorremos as calçadas esburacadas com canos vazando pelos bairros nobres.
Esta é nossa cara de carioca? É este o Rio que amo e repito em meus versos banhados de mar? Não... Não pode ser... Não deve ser do meu Rio que estou falando...
Para finalizar meu discurso que tenta apressar o coração ansioso e aflito pra terminar logo este, mas nem dá tempo,aoouvir a notícia da pichação da estátua de nosso santo São Sebastião, um dia após o seu dia, um dia após o seu aniversário. Além de flechado agora manchado de tinta vermelha, continua sangrando sem primeiros-socorros.
O Rio está vermelho de vergonha apesar de se abrir em um arco-íris que teima em brilhar na praia sem entender porque a língua está enterrada na areia.
Qual é a solução para o Rio? Vocês, Governantes, é que devem saber. Para isto foram eleitos e selaram votos. O Rio está completamente desfigurado para posar sem maquiagem para um Cartão-Postal. Vale pedir solução urgente? A máquina fotográfica está esperando.