Com efeito previsto a partir de Junho de 1989, mês e ano em que completei cinquenta voltas ao redor do sol, antecipadamente preocupei-me em preparar, com o maior dos esmeros, a publicação de uma brochura poética que deu à luz de capa em letras douradas sobre azul: Labor das Entranhas.
Aos cinquenta anos de idade eu tinha já adquirido desanuviadamente a nítida percepção "de que os há sem saber que o são" e também, nessa imparável corrente, "de que o são insensivelmente em seu mundozinho de terráqueos imprestáveis e intragáveis". Hoje chego à conclusão que o Bin Laden, lamentável e criminosamente acertando em 20 inocentes, também faz parte da mão de Deus nos 80 deles que entrega aos excepcionais cuidados do Diabo.
Não há quem deixe de ter em seu círculo quotidiano uns quantos "presta para tudo" que persistentemente propalam que os outros não prestam para nada, e desta inevitável faceta, naquele tempo, também já eu estava farto e saturado de o saber, o que preveni até com um segundo efectivo sentido que incluí no título da obrazinha.
No decurso do dia de meu cinquentenário, que naturalmente aproveitei para lançar o meu livreco com versos, na festiva sessão que culminava com a sua oferta, veio "um deles" ter comigo, com a brochura semi-enrolada na mão, que me interplou bem "à maneira do Frank Sinatra".
- Ó Torre... Então... Continuas a fazer a mesmíssima "m....".
- Mas... Avisei em antes...
- Avisaste em antes?... Não percebo!...
- Ah... Não percebes... Não. Se percebesses, se bem soubesses português, por exemplo, e bem traduzisses para a prática o título - Labor das Entranhas - não pegavas "nela".
Torre da Guia = Portus Calle |