Oh, meu Deus! Eu não mereço!
O Sr. se esqueceu de mim?
Lamenta-se o ser humano sempre que a fatalidade bate à porta. Questiona a vida, questiona o Pai Eterno; questiona até mesmo, a própria existência do Criador. Mas jamais questiona a si mesmo.
Sempre e sempre a culpa é alheia. É do pai, da mãe, do irmão, do vizinho, do patrão, do amigo, etc.
Sempre e sempre, somente somos o Cristo; jamais somos o Judas de nós mesmos. Somos tão somente os traídos e abandonados por todos e pela sorte; os martirizados. E nem sequer temos a oportunidade de renascer.
Como é fácil e cômodo nos eximirmos das culpas pelos percalços que insistem em nos atropelar.
Como é fácil dizer quando as coisas não saem a contento: "foi o destino que quis assim"; "foi inveja dos outros"; "Fui traído; enganado"; "Acho que Deus me abandonou"; "Porque somente comigo acontece isto?".
Tantas e tantas são as lamurias e as indagações: sempre pueris; sempre humanas; sempre egoístas.
A revolta é manifestada com maior vigor quando se perde um ente querido para a morte. A face da vida oculta aos nossos olhos, quando liberta um Espírito, trás principalmente aos familiares deste, dor e sentimento de vazio. Por vezes a dor é tamanha que até mesmo se revolta contra a Natureza.
Porque? Porque? Porque?
"Isto não deveria ser assim!"
"Deus, porque não levou a mim?"
Quem nunca ouviu frases como estas?
Perder um ente querido trás muita dor pela separação; e não há o que se contestar neste sentimento, que é legítimo. E no caso de um filho ainda jovem, ou ainda criança que deixa pais desolados quando cerra os olhos eternamente: isto subverte a Natureza?
Realmente isto é provido de fundamento?
Sim! É verdade que contraria a Lei da vida, visto pela óptica humana, um pai levar ao túmulo um filho. O contrário seria o natural.
Mas que verdade é esta? Esta verdade está na pequenez da visão humana que não aceita a magnitude da Natureza: perfeita, harmoniosa, matematicamente precisa. O egoísmo humano não consegue ver que o caos acontece quando se quebra a harmonia com atos, palavras, pensamentos maus. Não existe a injustiça da forma que se apregoa nas filosofias humanas.
Há tão somente causa e efeito; ação e reação; abismo e queda.
Como o imperfeito somente existe nos atos humanos e este não pode prevalecer, vem então a reação a estabelecer a ordem depois do caos; e vem na medida exata e no momento certo para o pronto reequilíbrio das coisas.
O que se chama de injustiça, nada mais é que este reestabelecer de ordem. A tempestade é o momento do reestabelecimento do equilíbrio dos elementos, que saneia o ar e depois de cessada trás calmaria, a água para os rios, para a terra. E deixa vir o sol.
Cada ser humano vive hoje a construir seu equilíbrio ou seu caos. Em cada instante, com pensamentos e atitudes, estamos poluindo ou saneando o ar que respiramos; estamos criando o clima que poderá ser de luz ou trevas.
Estamos sempre e sempre construindo nossas estradas. Cabe a nós mesmos decidirmos agora, se iremos em direção a campos de paz ou ao abismo das dores.