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Discursos-->Será que chegou a hora? DE MORRER? -- 02/12/2005 - 21:26 (GERALDO EUSTÁQUIO RIBEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SERÁ QUE CHEGOU A HORA?
Um corpo solitário em uma mesa do necrotério, uma vida que acaba de completar o seu ciclo e na maioria dos casos, uma dúvida paira nos corredores de todos os hospitais, gritando que muitas mortes poderiam ser evitadas ou retardadas se o ser humano estivesse acima do lucro ou da insensibilidade política.
Um corpo inerte dentro de um caixão, uma expressão de morte, uma frieza mórbida paira sobre o ambiente.
As pessoas param por um instante ao lado do caixão e ficam com expressão de que não estão entendo nada, e na verdade não estão.
Não é possível entender a morte.
Pelo menos a maioria delas!
Nos parentes e amigos mais íntimos a expressão de tristeza se manifesta de várias maneiras, alguns ficam histéricos, outros se tornam mudos, outros choram em silêncio quando há motivo para chorar.
Nenhuma palavra reconforta nesta hora.
Curiosos ou conhecidos se achegam para cumprir um ritual de pêsames que nada serve para aliviar o sofrimento da família.
Quantos anos ele tinha?
Parece que está dormindo!
Se for muito velho a morte faz sentido, porque todos nascemos para viver, crescer, e inevitavelmente partir desta para a melhor, deixando a vaga para o bebê que acaba de nascer neste exato momento em algum lugar.
-De que ele morreu?
-Todos têm sua hora.
-Que coisa estúpida!
-Era tão jovem!
-Meus pêsames.
-Disto ninguém escapa.
-Este é o caminho de todos nós!
-A morte é a única certeza que o homem tem.
-Para morrer basta estar vivo.
-Deus quis assim.
Estas palavras de “conforto” são tão bizarras quanto a própria morte.
Vamos tentar analisar cada uma destas máximas verdades que são proferidas em todos os velórios independente da situação financeira, política ou religiosa do morto.
De que ele morreu:
De acidente de moto.
O carro capotou.
Foi atropelado, não importa porque ou por quem.
Foi assassinado, não importa como e nem porquê.
Estava com câncer, não importa em que parte do corpo.
Ficou doente e foi definhando.
Todos têm sua hora!
Será?
Existe em algum lugar neste mundo ou fora dele um reloginho macabro que fica batendo segundo por segundo determinando o momento de alguém bater a cacholeta?
Se todos temos nossa hora porque nunca ficamos sabendo?
Controlamos o tempo de tudo que fazemos, trabalho, lazer, comer, dormir, controlamos até o tempo dos outros e não conseguimos controlar a nossa hora de morrer.
Mistério?
Que coisa estúpida.
Algumas mortes realmente são estúpidas, vamos falar de algumas e muitas delas bizarras demais para serem verdades ou as verdades são bizarras demais para serem entendidas.
Era tão jovem: Isto nos mostra que a única coisa realmente democrática é a morte, não escolhe pela idade e nem pelo conteúdo do bolso, todos vão ao seu encontro de uma maneira ou de outra.
Meus pêsames: Esta palavra de conforto não tem nenhum significado no contexto da morte, é uma expressão vazia demais para quem está assistindo a partida de alguém que ama ou que já deveria ter ido há muito tempo sem fazer falta nenhuma.
Disto ninguém escapa: Depende do jeito que o defunto passou desta para a melhor isto não é uma afirmação verdadeira, muitos já escaparam e em situações que a maioria não acredita.
Este é o caminho de todos nós: Esta é uma afirmativa correta quando a morte chega lentamente pelos caminhos normais, pelo envelhecimento confortável e pela deterioração natural do corpo que ainda não está preparado para vencer a ampulheta do tempo.
Mas a maioria das vezes este caminho é percorrido fora da hora.
A morte é a única certeza do homem: Esta é a mais estúpida das formas de confortar um parente de alguém que morreu. Dentro do caixão pode estar uma pessoa que viveu muitas certezas. A própria vida é construída com a certeza de que todos vieram ao mundo para dar sua contribuição no processo de formação das gerações, se não fosse assim este mundo já teria acabado há muito tempo.
Para morrer basta estar vivo: Não sei se estas palavras confortam alguém, mas é uma grande verdade, porque para viver não pode estar morto. É claro que para morrer é preciso estar vivo, ninguém morre duas vezes (muito embora a Bíblia narre fatos de que isto aconteceu).
Deus quis assim: Esta sim é a maneira mais estúpida de tentar confortar alguém.
Que Deus é este que quer a morte?
Seria sarcasmo demais se Ele existisse.
Já imaginaram um Deus sentado no seu trono assistindo a morte de bebês prematuros porque a mãe se drogou ou foi surrada pelo suposto pai?
Imagine um todo poderoso olhando para baixo vendo pessoas sendo tratadas com descaso e morrendo por falta de um medicamento que a omissão dos assassinos de gravata não permitiu que estivesse na prateleira dos almoxarifados.
Imagine um Deus escutando todo momento o barulho ensurdecedor das metralhadoras e dos morteiros, vendo a guerra ceifar vidas inocentes e Ele olhando para baixo ou para os lados dizendo: O homem tem o livre arbítrio.
Os tipos de mortes são tantas e, o sufixo “ado” está presente em praticamente todas que não são naturais ou provocadas por doenças.
Esfaqueado,
Enforcado.
Assassinado
Espancado.
Torturado.
Afogado.
Baleado.
Atropelado.
Queimado.
Será que para todos estes tipos a pessoa estava predestinada a morrer?
Será que alguém tem o seu dia certo para que uma destas coisas aconteça?
Seria estúpido demais.
Todos estes tipos de morte levam pessoas fora da hora.
Moramos em um país onde as desigualdades sociais são gritantes, temos um primeiro mundo enfiado dentro de um imenso país de miseráveis e do terceiro mundo
Uma casta de políticos, ricos, traficantes, bandidos bem sucedidos têm à sua disposição uma medicina igual, ou melhor, que a de muitos países de primeiro mundo, enquanto a grande maioria amarga a maldita fila do SUS.
SISTEMA ÚNICO DA SACANAGEM.
Sacanagem da grossa.
Através da SSVP estamos ajudando um rapaz que foi abalroado por um carro quando andava de bicicleta na beira da calçada, ficou vários meses no CTI e foi liberado para casa com várias escaras (feridas) abertas que para nós leigos era difícil olhar, ele tem apenas vinte e quatro anos, de família muito pobre, não tem condições de se alimentar e constantemente está de volta ao hospital.
Está condenado a ficar em uma cadeira de roda pelo resto da vida.
Porque ele não é curado?
Quem se importa!
Ele é pobre.
Porque não dar a ele um tratamento digno para que possa suportar com mais dignidade a vida na maldita cadeira de roda?
Estamos no mês de dezembro de 2005, corrigindo alguns erros de digitação e muitos de concordância percebi que tenho que preciso escrever que o Cláudio morreu, resistiu bravamente a dor do corpo pela saúde mal cuidada e a dor da alma pela insensibilidade.
Há pouco tempo eu trabalhava em um dos melhores hospitais públicos da nossa região, meu trabalho é controlar os materiais que são usados nos pacientes.
Controlar quando tem material porque a maior parte do ano a gente controla falta e se não for comprometido com a dor dos que necessitam e se virar para não deixar faltar o básico, certamente muitos morreriam fora da hora.
E os profissionais?
Uma pequena maioria não está nem aí, dentro dos hospitais chamam isto de costume, isto quer dizer que com o passar dos anos as pessoas se acostumam com o que fazem.
Na burocracia alguns não trabalham, vivem reclamando do salário e acha que seu dever é apenas cumprir horário.
Outro dia passando em frente a sala de Rx vimos um sujeito com a cabeça toda enfaixada e o vermelho do sangue colorindo a faixa, a porta da sala se abriu e uma funcionária gritou: onde está a ficha? Nem sequer olhou para o lado do paciente, a pessoa que estava comigo comentou que o paciente deveria ter ficado puto da vida e certamente teria se perguntado: Onde estou?
Não era hora para fazer piada, mas eu disse que ele deveria ter pensado: Morri e estou na porta do inferno.
É assim que a grande maioria dos pobres massacrados pelo sistema quando necessitam do SUS se sentem: Na porta do inferno.
O salário do funcionário público é maior que a maioria dos empregados da iniciativa privada.
Eu fico observando o funcionário (Não são todos): Ele deveria pegar no trabalho às sete horas, mas neste horário está no restaurante tomando café e só retorna depois das 7.30 Hs; aí vai bater um papo e começar efetivamente a trabalhar por volta das oito. Já fiquei observando alguns que ficam mais de meia hora conversando enquanto o trabalho espera para ser feito. Às 11.20 Hs todos vão para a fila do almoço, quando retornam não dá tempo de fazer nada porque a jornada de trabalho termina às 13.Hs.
Isto dá uma carga horária de trabalho efetivamente realizado de no máximo quatro Hs. Hoje o salário médio por hora efetivamente trabalhada sai por R$ 4,50, são poucos os trabalhadores que ganham um salário como este na iniciativa privada.
Isto sem contar o número de dias que não trabalham, porque são tantos os motivos para não trabalhar, dia do aniversário, dia do servidor, aniversário da cidade, dia do trabalhador, pontos facultativos aos montes, feriados e dias santos emendados, etc.
E eles ainda têm férias!
Porque não tem o dia do servente?
Porque não tem o dia do lixeiro?
Porque não tem o dia do pedreiro?
O ano tem 365 dias e muitos só trabalham uns 260 dias e ainda acham que isto é natural.
Sem contar o absurdo dos plantonistas que trabalham um dia e folgam um ou dois, porque não fazer três turnos?
Daria mais emprego e cada um teria a carga horária de trabalho igual á de todos os trabalhadores normais que ainda conseguem ter um trabalho.
Porque a carga horária não pode ser igual da iniciativa privada?
Dizem que o trabalho é insalubre.
E é verdade.
Mas e os trabalhadores que são envoltos todos os dias em uma nuvem de carvão?
E os que são colados na boca de um forno com mais de dois mil graus, esquentando até a alma do infeliz?
E os que recolhem o lixo nas ruas?
E os que estão expostos a todos os tipos de gases?
E os que trabalham na linha de montagem das fábricas e não podem sequer ir ao banheiro?
Porque todos estes trabalhadores não podem usufruir de uma jornada de trabalho de apenas 6 horas?
Porque estes trabalhadores não podem trabalhar um dia e folgar outro?
Porque eles não folgam no dia do aniversário?
Isto é privilégio dos que mamam nas tetas do governo.
E ainda acham que são mal remunerados.
Isto é uma vergonha.
Isto é uma afronta ao Sr. Joaquim que no dia 29/11/04 foi ao hospital a serviço de uma transportadora entregar 641 volumes (caixas com material) como único ajudante do caminhão, perguntei o seu salário e ele me disse que ganhava R$ 340,00 reais brutos, às 14:25 hrs ele foi esquentar a marmita que tinha sido feita na noite anterior e a comeu sentado no meio das caixas que faltavam descarregar.Segundo ele a sua jornada de trabalho quase todos os dias vai até as 22 Hs.
Este sim pode ser chamado de Trabalhador.
Este não folga no dia do aniversário.
Este não tem feriado emendado.
Este não tem tiket alimentação
É claro que toda regra tem exceção.
Muitos exercem com dignidade a profissão que escolheram trabalham no que gosta e se dedicam de corpo e alma no atendimento ao paciente.
Como eu disse, muitos morrem antes da hora.
Nos almoxarifados dos hospitais públicos e privados falta tudo.
A grande sacanagem é que poucas cidades se preocupam com um serviço de saúde que tenha compromisso com seus cidadãos, na nossa região, muitas cidades vizinhas sequer possuem postos de saúde onde o pobre possa ser medicado.
Tem procedimento que é necessário implantar determinado material que custa acima de C$ 2.000,00, nos hospitais públicos este material dificilmente vai estar na prateleira e nos privados a ganância pelo lucro não deixa que este procedimento seja feito.
E alguém morre.
E a família que não conhece nada de medicina nunca fica sabendo.
E o atestado de óbito nunca vai dizer que aquela pessoa morreu porque um cateter ou outro material era caro demais para ser implantado, que não valia a pena tentar salvá-la porque seria prejuízo na certa.
Nele fatalmente virá escrito que a pessoa morreu de uma parada qualquer, da falência de um órgão ou qualquer outra coisa que nós leigos nunca entenderemos.
O certo é: Alguém morreu fora da hora.
Muitos se vão exatamente por causa deste procedimento.
Espero que estejam percebendo que isto não acontece nos nossos dois Brasis, estes acontecimentos são característicos do Brasil ainda do terceiro mundo.
No Brasil do primeiro mundo a coisa é bem diferente.
No Brasil dos que podem pagar tudo é feito para tentar salvar a vida.
No Brasil dos que podem pagar todos os procedimentos são possíveis.
No Brasil dos que podem pagar o lucro da medicina deve ser igual ou maior que os dos bancos, a diária de um apartamento de hospital é mais cara que uma suíte em hotel cinco estrelas.
Existe alguma explicação para os transplantes que são feitos em pessoas que podem pagar?
Alguns conseguem um doador compatível em poucos dias enquanto a grande maioria fica anos esperando na fila que deveria ser única para pobres e ricos.
Fila única!
Ela só existe para pobre.
Quantos morrem nesta fila?
Morrem fora da hora.
Há pouco tempo um artista da fez um transplante de coração, será que realmente ele era o primeiro da fila?
Talvez fosse.
Esta lista é divulgada?
Onde?
Vamos falar sobre estas mortes em vários aspectos e tentar analisar suas causas.
Comecemos primeiro pelo atendimento à saúde.
A morte começa a ser delineada quando uma pessoa procura um posto de saúde e é obrigado ficar horas esperando por uma consulta que muitas vezes não vale a pena.
A consulta é superficial demais.
Não diagnostica a causa da doença.
Não interessa, é preciso liberar a pessoa porque muitos ainda estão à espera desta maravilha de consulta.
Quantas pessoas não morreram depois de serem atendidas em um posto de saúde que ele procurou porque estava sentindo dores e foi liberado para casa com a receita de um analgésico qualquer?
E os milhares que morrem sem ao menos serem atendidos?
Porque a dor não é levada a sério?
Porque o exame mais caro não pode ser feito para diagnosticar?
Em quase todas as cidades existe um setor de avaliação e controle para autorizar um exame mais caro ou uma intervenção cirúrgica, e o que me deixa mais triste é saber que ele é coordenado por um médico, que deveria andar mais pelos corredores do hospital e dos postos de saúde onde existe um grito parado no ar, espero que esteja enganado, mas o mais certo é que se escolhe aleatoriamente quem deve ser atendido primeiro e fatalmente será aquele que tem um padrinho político, que é puxa saco de alguém que quer garantir o voto.
O que passa na cabeça destes Deuses da Avaliação e Controle que deixa um paciente ficar seis meses ou mais em casa esperando depois de ter sido diagnosticado um tumor na próstata.
Será que o tumor também fica esperando?
Ou será que se o tumor for em alguém que é amigo de um político ou de alguém influente no meio é mais fácil de ser retirado do que de um pobre que somente contribui com o voto?
Porque um simples Rx não pode ser feito para tentar salvar uma vida?
É preciso ter paciência.
Paciente...
Esta é a palavra mais correta que existe nos dicionários.
É preciso ser paciente para agüentar este maldito SUS.
É preciso ser paciente para ficar esperando horas para ser atendido.
É preciso ser paciente para agüentar os desaforos de alguns médicos e enfermeiros e atendentes.
Erros médicos.
É claro que estes profissionais também são seres humanos e sujeitos a erro, mas a margem deveria ser a mais baixa possível.
Muitos reclamam da falta de equipamentos e materiais necessários para o efetivo exercício da função.
Então era preciso que todos dessem o grito antes de alguém morrer
Estamos na última semana de outubro e como sempre o stress da falta de material vai consumindo a gente que tem compromisso com os mais pobres, o fornecedor de agulhas não quer entregar porque o preço está defasado e a burocracia emperrada me faz perder o sono porque tenho que fazer milagre para não deixar faltar a injeção que pode salvar vidas.
Como é possível dormir tranqüilo vendo um estoque de apenas 1000 agulhas para um hospital regional de cinco andares?
E pasmem!
A burocracia toda emendou o maldito dia do funcionário e todos foram cruzar os braços por uma semana.
Que se dane o hospital.
Que se dane os que controlam o “estoque”.
Que se danem os pacientes.
Há mais de três meses que não se compra um curativo no hospital, os burocratas chegaram à conclusão que é um item muito caro e em vez de racionalizar o consumo radicalizaram e, simplesmente viraram as costas para os infelizes, que por estarem presos em uma cama vão se enchendo de escaras (feridas) abertas pela indiferença e pela falta de sensibilidade dos que ainda gozam de boa saúde.
Cirurgias são canceladas pela falta destes curativos.
E quem está na fila para ser operado?
Que se dane!
E o stress que esta pessoa vai sofrer fazendo sua saúde piorar?
Bem feito!
Quem mandou nascer pobre?
Não estou colocando datas no que escrevo, mas todo dia vou relatar as dificuldades que enfrento para que as pessoas tomem consciência dos milagres que são feitos para se tentar amenizar a vida dos pacientes em um hospital conveniado com o SUS que é a mesma porcaria independente do partido político que está no poder.
Acho que esta sigla só quer dizer uma coisa:
Somos todos
Uns.
Sacanas.
Hoje não temos um contrato em vigor de fios cirúrgicos.
Não temos um contrato de material para Hemodiálise.
Imaginem o que é ficar em um almoxarifado ligando para algum fornecedor todos os dias pedindo pelo amor de Deus para que ele mande uma linha de sangue que será usada para filtrar o liquido da vida de quem é obrigado a conviver com uma máquina de hemodiálise três ou mais vezes por semana?
Estamos na bendita semana do dia do funcionário, o hospital está vazio, somente as emergências são atendidas.
Será que doença também emenda feriado?
Será que ela tira férias?
Será que uma pessoa esperando uma cirurgia não vai ter o seu quadro agravado simplesmente porque o funcionário público tem o seu dia para ficar coçando o saco enquanto os outros trabalhadores estão dando seu suor a troco de um salário de fome?
Sexta-feira, estou indo para mais um dia de trabalho já pensando onde e como conseguir a agulha e o material de hemodiálise enquanto os gerentes e os outros burocratas estão gozando o feriado prolongado.
Segunda semana de dezembro, esta foi a mais estressante dos últimos tempos, a falta de sensibilidade e de compromisso de algumas pessoas com o sofrimento e com a vida deixou mais uma vez faltar equipos na prateleira do almoxarifado. Equipo é aquele tubo que fica pendurado levando o medicamento que salva vidas.
Há uma semana não dispensamos um apropriado para a medicação de criança e recém nascidos, estava sendo feita uma gambiarra com o equipo adulto que também zerou e foi uma agonia danada conseguir emprestado para impedir que quase todos os pacientes do hospital fossem transferidos.
O burocrata que não se empenhou para que o pedido saísse dentro do prazo não freqüenta os CTI’S, não está presente para ver a fragilidade de um recém - nascido em uma incubadora com o destino colocado na mão de profissionais que se sentem impotentes diante da falta de material.
E morrem.
E os atestados de óbito não retratam a verdade.
Se chegasse um paciente precisando de uma transfusão de sangue hoje no hospital fatalmente teria morrido porque também está faltando o bendito equipo de transfusão.
E ainda cobram eficiência do almoxarifado.
São quatro horas da manhã, mais uma vez a falta de material me rouba o sono, o fornecedor informou que não está faturando o pedido na totalidade por falta de pagamento, enquanto isto, é Natal: os burocratas já devem estar preparando a ceia e não estão nem um pouco preocupados se vai morrer alguém por falta de medicamento ou do maldito Equipo que insiste em faltar não permitindo que o paciente seja medicado com dignidade.
FELIZ NATAL PARA A FAMÍLIA
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