Ministério da Defesa pede ajuda, em sigilo, aos EUA para monitorar vôos internacionais sobre o Brasil
Edição de Sábado do Alerta Total http://alertatotal.blogspot.com/
Sábado, Novembro 04, 2006
Por Jorge Serrão
Exclusivo - Em sigilo e da maneira mais discreta possível, o Ministério da Defesa solicitou ao Departamento de Estado norte-americano uma ajuda no monitoramento do espaço aéreo e no controle de tráfego de aeronaves estrangeiras que atravessam a região Norte do Brasil. A Secretária de Estado Condollezza Rice autorizou o envio de 12 controladores de vôo dos EUA para cuidarem do problema, até que o sistema Cindacta 1 volte a funcionar normalmente, nos próximos 15 dias. Diante do apagão do sistema no Brasil, os EUA estão controlando os vôos de empresas aéreas norte-americanas sobre o território brasileiro, a partir de monitoramento fora do território (com duas aeronaves de defesa nas regiões da Venezuela e da Colômbia) ou usando satélites aeronáuticos.
No Brasil, o controle de tráfego aéreo é feito por um conjunto de quatro unidades de monitoramento que se integram para cobrir todo o território brasileiro. Cada unidade regional do sistema leva o nome de Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Espaço Aéreo). Cada Cindacta é composto por uma rede de Radares e Estações de Telecomunicações que detectam as aeronaves que sobrevoam a área de cobertura. O software que controla este sistema está sendo trocado, pois vinha cometendo erros na localização precisa das aeronaves. Este é o real motivo dos transtornos com atrasos de vôos. O caso será tema de debates, a partir de segunda-feira, no Senado.
Os controladores de vôo nada têm a ver com o problema no Cindacta. A tal “operação padrão” não é uma “greve” deles. Mas sim uma situação forçada pela transição na troca do sistema dos computadores do Cindacta. A maior parte dos componentes do sistema é de origem francesa. Tudo funciona desde a década de 70. Os novos equipamentos e sistemas são nacionais, já testados e desenvolvidos para o projeto Sivam (em operação no Cindacta 4, em Manaus). O Cindacta 1 (em Brasília) apresentava incompatibilidade com o sistema mais moderno, da Amazônia, e não era compatível na localização de aeronaves mais modernas. O colapso no Cindacta foi gerado pela lentidão nos investimentos para as Forças Armadas. A culpa é dos sucessivos governos após o regime militar.
Além disso, o País tem carência de controladores de vôo, que trabalham sobrecarregados. Só que tal problema não compromete a segurança da aviação. Existem mais de 13 mil pessoas trabalhando no controle do espaço aéreo. Pelo menos a metade desse contingente são de militares.
Em queda livre
O ministro da Defesa, Waldir Pires, reclamou que, desde que assumiu, vive "no meio de uma tsunami": a crise da Varig, o acidente da Gol e, há oito dias, o protesto dos controladores de vôo, e a troca do sistema Cindacta (que o governo mantém em sigilo).
O presidente Lula, descansando na Bahia, não gostou da condução da crise aérea feita pelo baiano Pires.
Por isso, a cabeça dele está a prêmio, e não fará parte do cargo no próximo governo.
Quem comemora a desgraça de Waldir Pires é um de seus maiores desafetos políticos, o senador Antônio Carlos Magalhães.