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Discursos-->O risco do esquecimento -- 10/10/2008 - 14:06 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Revista do Clube Militar

Palavra do Presidente


O risco do esquecimento

O tema que desejo tratar é a baixa capacidade dissuasória das Forças Armadas brasileiras. O problema está longe de ser recente. No Segundo Império, em 1864, tivemos de conviver com fortes doses de imprevidência que resultaram na incapacidade de o Brasil dar resposta oportuna
e rápida a uma agressão de país vizinho. No plano interno, apenas para exemplificar, os episódios do Contestado e de Canudos estão a
mostrar a mesma incúria que levou ao prolongamento injustificável das lutas que se desenrolaram no sul do País e na Bahia. As mesmas
dificuldades puderam ser observadas no momento em que o Brasil decidiu enviar uma Força Expedicionária à Itália, durante a II Guerra
Mundial, quando, para mobilizar apenas uma divisão os brasileiros, tiveram de vencer dificuldades improváveis para um país atento a
seus problemas de segurança.

Essas lamentáveis ocorrências repetem-se sistematicamente porque os governos brasileiros, através de nossa História, têm sido insensíveis
a uma verdade elementar em termos de segurança nacional: Forças Armadas não se improvisam.
Podem passar cem anos sem serem empregadas, mas têm de estar sempre prontas para defender a
honra ultrajada. E não é possível improvisá-las pelo motivo óbvio de que a instrução e o adestramento, necessários para deixá-las aptas
para o combate, requer tempo e recursos, tanto materiais, quanto financeiros. Se isso já era verdade na época da Guerra da Tríplice Aliança, muito mais agora com a sofisticação dos meios bélicos empregados na guerra moderna.

Recentemente, parece que a sociedade brasileira deu-se conta do grave problema. Seja por causa da
invasão de propriedades da Petrobrás pelo governo boliviano, seja pelas notícias da corrida armamentista iniciada por Hugo Chaves, seja ainda porque, finalmente, surtiram
efeito os reiterados pareceres dos comandantes das três forças, alertando sobre a precária situação a que chegaram seus equipamentos
de combate. Provavelmente todos esses fatores tiveram sua influência, assim como há de ter influído a ação do Ministro da Defesa, Nelson
Jobim, tanto na luta por melhores orçamentos, quanto na sensibilização da opinião pública. Como resultado, observamos bons espaços sendo utilizados pela mídia para abordar o assunto, além de melhores orçamentos, já em 2008.

É preciso ficar bastante claro que esse esforço de convencimento não provém de um capricho de militares. Na realidade, a preocupação com defesa deve permear toda a sociedade. Assim acontece nos países desenvolvidos, onde o tema é discutido na esfera política, nos meios
acadêmicos, nas redações de jornais e onde mais houver interesse em garantir um país forte, em condições de defender seus interesses e com
voz ativa nos fóruns internacionais.

Nossa diplomacia percebe com muita nitidez essa realidade. O Barão do Rio Branco afirmou, em
discurso proferido no Clube Militar, agradecendo a homenagem que lhe tinha sido prestada: “Os
povos que, a exemplo do Celeste Império, desdenham as virtudes militares e se não preparam para a eficaz defesa de seu território,
dos seus direitos e da sua honra, expõem-se às investidas dos mais fortes e aos danos e humilhações conseqüentes da derrota”. Nos dias de hoje, há, também, quem se preocupe com o problema. O Embaixador Rubens Barbosa declarou
em artigo publicado em jornal do Rio de Janeiro: “A baixa capacidade dissuasória das Forças Armadas pode redundar na fragilização
de nossa política externa”.

Felizmente, pode-se constatar que o Brasil progrediu consideravelmente no relacionamento com
suas Forças Armadas. A sociedade brasileira emite sinais de que, por fim, acordou para o grave problema do baixo poder de persuasão a
que elas chegaram. O próprio Governo parece também ter entendido sua responsabilidade no assunto e, além de prometer um reequipamento
mais do que necessário e urgente, começa a melhorar o orçamento do Ministério da Defesa.

Fica o perigo dessa conquista importante sair de moda, como costuma acontecer, neste País, com assuntos importantes sobre os quais muito se discute, parecendo tratar-se de algo absolutamente essencial, para, pouco tempo depois, deixando-o inconcluso, passar-se para outro tema, cujo tratamento pela opinião
pública será semelhante.

Fica, da mesma forma, o perigo do esquecimento por quem tem obrigação, mais do que ninguém,
de não esquecê-la. É algo a temer de um Governo que se olvida com tanta facilidade de suas promessas. Todos hão de lembrar que chegou ao Planalto com o compromisso de banir os maus hábitos da prática política no país. O que se tem visto, no entanto, é a ética cada vez mais desprezada.

A cada dia, toma-se conhecimento de um novo escândalo; a cada dia, tem-se notícia de figuras do governo chafurdando na lama da corrupção. É torcer para que, sobre esse assunto tão importante para o destino da pátria brasileira,
não caia, também, o véu do esquecimento.

General-de-Exército Gilberto Barbosa de Figueiredo

Presidente do Clube Militar

Outubro 2008

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