Faz, neste mês de novembro, 98 anos desde a eclosão da revolta de 1910, que colocou de um lado os canhões dos encouraçados, e do outro, as instituições da República.
Foi um episódio lamentável, pois representou o rompimento da legalidade, a fragilização da ordem constitucional, a quebra da hierarquia e da disciplina e, sobretudo, resultou no assassinato de oficiais e praças que se opuseram à sedição e ao motim, entre eles o Capitão-de-Mar-e-Guerra João Batista das Neves, Comandante do Encouraçado Minas Gerais.
As reivindicações dos revoltosos, que precisam ser compreendidas na época e no contexto em que foram feitas, terminaram acolhidas pelo Congresso Nacional que, sob a mira dos canhões, votou, inclusive, a anistia.
É completamente fora de propósito trazer para o tempo presente um conflito superado há quase cem anos, e, ao arrepio da história, tentar vinculá-lo à questão racial, como se fez no evento do dia 20 de novembro no Rio de Janeiro.
Em toda a revolta de 1910 a ninguém ocorreu perguntar sobre a raça ou a cor da pele dos revoltosos ou dos que morreram na defesa da legalidade.
Enganam-se aqueles que acham possível dividir a Marinha em negros e brancos ou em oficiais e praças.
Não é possível.
O povo brasileiro bem sabe que após os eventos de 1910, oficiais e praças lutaram e morreram, pela honra da pátria, na Primeira e na Segunda Guerra Mundial.