Quarta, 14 de janeiro de 2009, 16h29 Atualizada às 17h17
Após asilo a Battisti, Itália convoca embaixador do Brasil
A Chancelaria da Itália disse que convocou o embaixador do Brasil, Adhemar Gabriel Bahadian, para protestar contra a decisão da Justiça brasileira de conceder asilo político ao ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou no início da semana ao ministro da Justiça, Tarso Genro, que aprovasse refúgio a Battisti, um dos chefes da organização de extrema-esquerda "Proletários Armados pelo Comunismo" (PAC).
Condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos ocorridos no final da década de 1970, o italiano foi preso e fugiu, refugiando-se na França e na América Latina. Após a conversa entre Lula e Genro, o chefe da pasta da Justiça confirmou a decisão de conceder asilo ao italiano. A iniciativa, confirmada nesta terça-feira pelo Ministério da Justiça, teve por base o argumento de "fundado temor de perseguição".
O embaixador foi convocado pelo secretário-geral do Ministério italiano, Giampiero Massolo, por instrução do chanceler Franco Frattini. Em nota, o governo da Itália afirmou ter ressaltado, junto ao diplomata brasileiro, a "unânime indignação" de todas as forças políticas parlamentares do país ante a decisão, assim como da opinião pública e dos familiares das vítimas dos crimes atribuídos a Battisti.
Em nome das autoridades de seu país, Massolo manifestou "surpresa e amargura" e reiterou um "firme chamado às autoridades brasileiras para que, em respeito aos procedimentos internos" italianos, a decisão possa ser reconsiderada.
No texto, a Chancelaria define Battisti como um "terrorista responsável por gravíssimos crimes que nada têm a ver com o status de refugiado político".
"A Itália faz um apelo ao presidente Lula para que reveja todas as iniciativas que podem promover, no quadro da cooperação judiciária internacional na luta contra o terrorismo, uma revisão da decisão judiciária adotada", diz a nota.
Com a confirmação do despacho de Tarso Genro, o Supremo Tribunal Federal (STF), que analisava pedido de extradição formulado pelo governo da Itália, deve determinar a liberdade do suposto terrorista nos próximos dias.
Em novembro do ano passado, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça, havia negado pedido de refúgio ao militante de esquerda.
Com informações da AFP e da Ansa
Redação Terra