Fico observando o comportamento da sociedade e sinto uma saudade danada do meu tempo de criança e da minha juventude, quando não éramos escravos de tantas leis.
A lei mais praticada era: ser honesto.
Hoje, em meio a um amontoado de palavras que se chama constituição temos leis para tudo e a grande maioria são impraticáveis porque foram concebidas para defender o direito de uma casta de privilegiados. Outras, até bem intencionadas, foram elaboradas sem ouvir os maiores interessados, os que sofrem na pele os efeitos de uma lei que não contemplou o anseio da maioria.
Quero falar aqui do Estatuto da criança e do Adolescente.
Não a conheço a fundo e pelo que já pude observar não me interessa conhecer.
O que me preocupa é a hipocrisia da lei.
Sou da geração que está indo embora, uma geração onde o trabalho era sinônimo de dignidade e trazia união e sustento para as famílias.
Não existia proibição ao trabalho, em qualquer idade, quando a vontade de ser útil e também de se sentir livre existia.
Hoje os filhos dos pobres estão proibidos de trabalhar.
A pobreza sempre existiu.
A diferença é que naquela época os filhos não eram jogados na rua para esmolar.
Os corruptos sempre existiram.
Mas a vida dura e o trabalho moldavam o caráter da maioria das pessoas, independente do sexo ou da idade.
Os gananciosos sempre existiram.
Mas o sentimento de partilha era tamanho que esta raça era facilmente detectada e a caridade se sobrepunha.
Hoje o jovem está proibido de trabalhar.
Na padaria.
Na farmácia.
No armazém.
Ou em qualquer outro lugar, se não for filho do dono.
Como pobre não é dono de nada.
Os filhos dos pobres estão proibidos de trabalhar.
E as ruas estão cheias de crianças matando aula, sendo molestadas de todas as formas, mendigando e se prostituindo nos semáforos.
E se tornam presas fáceis para trabalhar como mula transportando drogas.
E onde anda o famoso CONSELHO TUTELAR DA CRIANÇA?
Só age quando é acionado por um jovem que se rebela quando o pai tenta lhe mostrar valores diferentes dos vistos nas novelas e nas esquinas do tráfico.
No serviço público então é uma afronta, os “estagiários” da elite conseguem com a maior facilidade um lugar ao sol, é a troca de poder, e como pobre não tem nada para dar em troca....
O que me preocupa é a hipocrisia da lei e da justiça.
Os “artistas” mirins, com menos de nove anos que inundam as novelas e os programas de televisão não são explorados?
As Maisas da vida não estão deixando de ser crianças muito cedo?
E os futuros Pelés, que com menos de quinze anos já assinam contratos milionários com empresários do futebol que os exporta para o exterior?
Não são explorados?
Ou deixaram de ser crianças ao receberem o gene da dramaturgia e do malabarismo da bola?
Filhos de uma elite sem problemas financeiros podem trabalhar.
Porque o jovem pobre que sonha com salário todo mês é impedido de fazer o mesmo?
Poderia escrever paginas e mais paginas sobre este tema, mas acho que isto já é o bastante para provocar uma discussão e abrir um debate em todas as camadas sociais.
COMENTÁRIO DOS LEITORES.
Mensagem referente ao texto PROIBIDO DE TRABALHAR - Artigos.
Enviado Por: Ana Zélia da Silva - anazeliadasilva@yahoo.com.br
Da cidade : Manaus-Am
que é a Imprensa falada, escrita ou televisada denunciar, gritar, escrever aos senhores parlamentares para que reflitam. Ana Zélia Prezado escritor e amigo Geraldo Eustáquio. Concordo com tudo o que você escreveu. Meu irmão irá completar 59 anos em janeiro e com que orgulho ele mostra sua carteira de trabalho assinada como aprendiz aos 9 anos de idade, indicados pelo SENAC. Hoje, estas entidades existem, mas quem não for comerciário ou dependente tem que pagar, ainda continuamos emprensados por Leis mal elaboradas por nossos legisladores, eleitos pelo povo que em sua maioria é inculto e merece o legislador que elege. Mas o personagem final que é o menor ou o idoso, não é assistido. O menor pobre não pode trabalhar ser aprendiz, nada. Mas pode roubar, fumar, matar e a Lei é clara, criminoso jamais será, criminoso é o filho de alguém, ou o pai ou mãe de família que morreu na ponta da faça ou da bala. E são cruéis. "Educados" por bandidos impunes. Os tais Conselhos estão sendo cogitados a se tornarem empregos, com altos salários, servirão a quem? Temos meu amigo, é missão nossa, escritores, poetas, 5º Poder