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Discursos-->Nota do Clube Militar -- 26/08/2009 - 14:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
21 de agosto de 2009

Gen Ex GILBERTO BARBOSA DE FIGUEIREDO

Presidente do Clube Militar

Tenho visto imensa quantidade de artigos, nos mais diversos meios de comunicação, contendo críticas ao Presidente Lula. A grande maioria dos articulistas, pelo menos os mais equilibrados, procura manter suas apreciações num campo ético, sem resvalar para o lado da grosseria e até da falta de respeito com a figura do Presidente. E olha que motivos não faltariam para serem explorados. Até os tropeços no uso da língua vernácula, freqüentes em seus improvisos, raramente são objeto de crítica por esse tipo de articulista.

Em relação a qualquer governo, há pessoas que tudo aprovam, outras que tudo condenam e, ainda, outras que avaliam cada ação governamental, concordando com umas e discordando de outras. Isso é normal e acontece em todos os países democráticos do mundo. Quem assume a responsabilidade de autoridade pública tem obrigação de saber disso e com isso saber conviver.

Dessa forma, causa espanto o pronunciamento de Lula, afirmando que os críticos do “Bolsa Família” são imbecis e ignorantes. Logo ele que já afirmou dever toda sua carreira política à democracia. Logo ele que tem dito, repetidas vezes, sua crença na democracia como melhor sistema de governo.

Além do despropósito da agressão verbal a opositores de suas idéias, a explosão presidencial reaviva velhas suspeitas sobre sua real afinidade com o regime democrático. Talvez ele louve a democracia no discurso, mas sonhe com um totalitarismo arcaico, tipo cubano, que tanto admira. Quem sabe não está nesse seu viés autoritário a origem de tanto empenho em apoiar aprendizes de ditadores em nosso continente?

O programa “Bolsa Família”, na verdade, tem muito no que ser criticado. Ninguém contesta o dever do estado de amparar a parcela da população que passa fome. O que não parece correto é a falta de uma contrapartida que preveja uma rota de saída do programa e, ainda, sua amplitude, abrangendo um contingente populacional que, mesmo sendo pobre, não está, segundo os dados estatísticos disponíveis, na linha da fome. Contra essa pobreza, o combate mais efetivo seria o de proporcionar um acesso à educação de qualidade. Acontece que os resultados de um investimento efetivo em educação apareceriam após algumas décadas. Mas o que o governo precisa mesmo é garantir a próxima eleição!

Não quero usar os adjetivos fortes de que se valeu o Presidente, mas temos de convir que, ao menos em termos acadêmicos, ele não pode ser considerado propriamente um político instruído. E não foi por falta de tempo. Durou mais de uma década seu período de preparação para a Presidência da República. Poderia, a exemplo do que fizeram alguns de seus companheiros, formar-se em um curso superior. Poderia, como almejava o mais alto cargo do governo, aprender algum idioma, nem que seja o seu próprio. Se não o fez, foi por falta de vontade ou negligência.

Talvez o exercício do poder, a bajulação de auxiliares, o tenha levado a se considerar um presidente culto e preparado, em condições de julgar a ignorância alheia. Lástima para nós brasileiros que essa sua presunção não seja verdadeira.



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