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Discursos-->ALGAZARRA -- 13/03/2023 - 08:23 (Renato Souza Ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

ALGAZARRA

 

Um pequeno grupo de animais marcou um encontro

Tinha percebido que havia um desleixo

com a proteção o meio ambiente,

parecia haver uma toada no sentido

“salve-se quem puder”.

Terra de índio não tem dono

e se tiver riqueza mineral será de interesse da nação.

Animal apenas é um bicho, não tem direito algum.

Onde for preciso passar um, a boiada passará...

Em primeiro lugar está o progresso,

com Deus, pátria e família!

 

Para discutir assuntos de seu interesse,

escolheram um local afastado da área urbana.

Combinaram se reunir embaixo de um umbuzeiro.

Além da sombra, era a época da safra de umbu.

Chegaram todos, um pouco antes da hora marcada,

diferente da gente, que anda sempre atrasado.

 

Primeiro chegou o papagaio, vestido com um blazer

rosa e bermuda branca.

Estava alegre e descontraído.

Cantava: “eu mato, eu mato quem roubou minha cueca

para fazer pano de prato...”

Poucos minutos depois, o macaco apareceu

dando cambalhotas e gargalhadas.

Estava vestido de macacão verde limão

com camisa amarela por baixo,

parecendo um grande empresário dos dias atuais.

Falava e ria ao mesmo tempo:

” quem já viu louro de cueca?

Louro nem pinta tem para cobrir,

nem tem bunda para amostrar,

vai usar cueca pra quê? Rs rs rs “.

Que presepada é essa, louro,

está inventando moda?

 

Depois chegaram juntos o cachorro e o gato.

Esse último estava de calção azul celeste,

com suspensório cor de vinho e botas brancas.

Já o cachorro veio de bermuda lilás e camisa regata branca.

Vinham conversando harmoniosamente,

bem à vontade, sem aqueles arranca-rabos

que geralmente os fazem arrepiar e correr um atrás do outro.

 

A coruja e a preguiça marcaram para vir juntas,

mas se desencontraram.

O bode e o jumento vieram separados,

e não como haviam marcado.

A coruja estava com bermuda colorida

e blusa básica, vermelha.

A preguiça estava vestida com um top e uma minissaia,

ambos de cor vermelha.

Isso mexeu com a libido do macaco,

que não parava de olhá-la...

 

A coruja se irritou com o bode,

acusando-o de não ter tomado banho,

pois estava fedendo a chiqueiro.

Já o jumento trouxe a preguiça montada

sobre seu espinhaço.

Riam muito com a discussão dos colegas.

 

O jumento deu logo uma grande mijada,

e causou protesto geral,

ninguém suportou o mal cheiro

daquela urina podre.

Perguntaram-lhe se havia tomado aguardente.

Em comum acordo tiveram que abandonar o local

e foram para outro próximo.

Dessa vez foram para baixo de um pé de baraúna.  

Iam começar o bate papo

quando a o cachorro reclamou do pum

que a preguiça deu. Acusou-a de ter roubado e comido

a refeição do urubu.

Saiu do local enraivado e latindo feito cachorro doido.

 

Começou uma discussão geral

E foi aquela algazarra.

O papagaio de tanto pedir insistentemente a palavra,

teve que voar e se sentar na cabeça do jumento,

até que conseguir ser ouvido e apaziguar os ânimos.

Sugeriu adiarem o encontro,

afinal já que iriam ter uma conversa séria

para resolver problemas que os atingia a todos

como iniciar assim, brigando e se desentendo?

Imagine se ali houvesse 502 bichos reunidos...

Portanto foi remarcada outra reunião

e solicitado virem com o espírito desarmado,

como simples animais, sem maiores interesses

diferente dos homens nessas ocasiões.

O macaco solicitou a palavra, antes do encerramento

Pediu ao jumento que tivesse bons modos da próxima vez

e fizesse suas necessidades antes de chegar ao local.

Que o bode tomasse vergonha na cara e se lavasse,

afinal todos são animais, mas merecem respeito,

ninguém é obrigado a suportar o mal cheiro de pai de chiqueiro.

Que tomasse um banho bem de verdade

Cada um seguiu de volta para seu habitat.

Ficou marcado para 30 dias depois.

Afinal vida de animal não é moleza.

Rachadinha, joias, cartão corporativo e outras realidades

dizem respeito aos outros animais, que são inteligentes.  

 

 

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