----- Há duas vozes em lugar nenhum no romance virtual que actualmente vivo e que obsecrante, ao longo de meses, aqui tenho exposto nítido e sem contornos. Por mais que intente direccionar os meus sinceros arroubos para o plano real, não há meio de concretizar um só milimétrico avançozinho. Afronto sistemáticamente uma plateia de biliares adversidades, contra-natura, para mim de somenos, mas que logra – e é isso que estranho e me surpreeende – intimidar a dilecta eleita dos meus platónicos sentimentos e sonhos, como se fosse proíbido, ou pecado devasso, sentir e sonhar abertamente.
----- Ora não sei pois de que lado está o sol ou a escuridão, ainda que muito rode à procura da luz. Bato-me por alcançar a realidade e depara-se-me o preconceituoso chorrilho das lamentações, vindas dos pseudo-realistas que nem do após demonstram ter estreito e lúcido conhecimento.
----- O romance que abordo chama-se “Sem Ti Não Posso Pensar” e tem dentro uma mulher, um homem – que sou eu – e a morte de permeio. O sorriso dos deuses, o desejo para além dos corpos e a palavra como arma contra o desapego, fazem parte do desfio que movo sem trégua contra a onda do pessimismo reaccionário e pueril.
----- Porque a descoberta do amor é sempre póstuma – pormenor que tantos não vislumbram – luto para que uma vez mais não o seja; e porque as grandes amizades arranjam sempre maneira de permanecer na memória das pequenas coisas, deixo que a trama flua entre todos os riscos e faça por si prova – e aí estaria a descoberta – de que o virtual tem espiritualidade própria e é conversívelmente palpável. Neste romance intenciono a reaprendisagem do amor. Tão só!