A volupia tributária prevalente em todos dirigentes governamentais provavelmente é uma virose ainda não identificada. Basta assumir um Ministério, um Governo Estadual e mesmo uma Prefeitura a contaminação é imediata. Dizem, não sei, que o número de tributos vigentes chega a 57. Em rápida pesquisa encontrei grande parte deles incidindo sobre os salários. Só que o trabalhador não tem o menor proveito disso. É apenas o pretexto.
As incidências ditas sociais deveriam produzir efeitos permanentes, prestando serviços efetivos como a assistência médico hospitalar, a construção de moradias, a geração de empregos, a proteção à saúde, a profissionalização, o saneamento, a alfabetização, a segurança e a estruturação da sociedade. E onde anda isso tudo? A arrecadação nos cofres do Tesouro e o resto só na intenção. Afinal de contas para que saneamento? Se os hospitais estão fechados as doenças não tem tratamento, o paciente morre e deixa de ser inconveniente. Afinal de contas pobre é problema permanente pois nunca está satisfeito, sempre quer mais. Já se viu pobre pretender tomar um café da manhã como toma o Fernando Henrique diariamente com seus convidados? Pobre tomando suco de laranja ou comendo melão no desjejum é cólera imediata. Como normalmente não tem banheiro, vai apenas sujar o matinho mais próximo e dar alegria aos mosquitos.
Pensando bem, os governantes estão certos. O único meio de sanear um País é erradicar a pobreza, deixando-a morrer. A própria economia se transforma. Rico não come feijão, nem farinha, nem mandioca, nem girimun, nem cactus, nem batata doce, então porque plantar? A produção de aspargos, cogumelos, scargot s, caviar e congêneres exigiria menos áreas e trabalho, satisfazendo a todos. O Brasil seria o Oásis do planeta, com um povo sadio, rosado, alegre e feliz sem criar problemas com tributos e dízimos, tão execrados pelos pobres.
Quando o homem está de bem com a vida, quando é um legislador, um governante, um empreiteiro ou um membro da comissão de orçamento irradia fluidos positivos tornando tudo um paraíso. Por certo conhecerá o Nirvana.(mai/94),