Partia todas as madrugadas, com seu velho machado nos ombros.
Não havia domingos, nem sábados, nem feriados, nem tréguas.
O que havia sim, era um fôlego intenso e uma enorme vontade de viver e não deixar morrer.
E voltava todas as tardes, de olhos cansados e rosto feliz.
Trazia nas mãos o pão nosso de cada dia e nos ombros o peso de uma vida.
E a noite, (Ah! que noites) lá íamos para a varanda ouvir suas estórias e contar as estrelas.
Cantarolava suas cantigas, e ficávamos por ali, ouvindo, esperando que o outro dia jamais
viesse. Mas o tempo andou depressa demais e seu velho machado ficou em um canto esquecido.
Já não há mais cantigas, nem estórias. Já não há sequer estrelas. Para onde terá ele ido.
Onde andas Velho Machado? Por que não estás mais aqui para abrir meus caminhos?
Por que partiste assim... sem ter fechado os meus olhos.