De imediato podemos pensar em muitas coisas, como lavar do asfalto as impurezas do cotidiano, oferecer água à terra seca, matar a sede dos cachorros abandonados, criar poças d água no chão tapando os buracos e fechando os nossos olhos, além de deixar um aroma de libertação da cidade urbana e estressada estagnado no ar. Este mesmo dia nublado deu-me tempo para ler, dormir e pensar e, ao mesmo tempo, fez-me não resistir as tentações da gula e a uma sadia vontade de beliscar.
Pois é... Correr para geladeira, para o forno, dispensa ou para a provocante lata de biscoitos na prateleira. Rápidos e indefesos em termos, assaltos as preciosas guloseimas. E assim vai, uma torradinha com geléia aqui, uma fatia de bolo acolá, uma colherada de doce em compota geladinho com queijo minas ou requeijão, uma barra de chocolate branco, e tudo mais que evitamos ao longo da semana, por cuidado ou por falta de tempo, mas hoje.
Ah hoje é sábado!
Sabemos, mesmo que inconscientemente ou não, que o controle dos nossos olhos e de nossas mãos garante a manutenção do peso corporal, ficando acima de qualquer medicamento ou fórmula manipulada. A leveza das roupas vestindo o corpo, a sensualidade da alma e a graciosidade do sorriso valem muito mais do que uma boca faminta ou o avanço na comida. Os quitutes nos atraem como verdadeiras perdições e a chuva macia, essa continua caindo lá fora oferecendo frescor ao dia, e não me deixa mentir.
Sem falar na cumplicidade da família. Tia Maria possui mãos de fada para o preparo destas delícias caseiras. Hoje mesmo, neste dia cinza de chuva transparente ela nos preparou fresquinhos pães salgados e doces, de sardinha e de doce de coco. Maravilhosos!! E que massa abençoada! Todos nós esquecemos as lições de educação alimentar já que o prazer sobrepõe-se a gravata da consciência. Esta é a maior tristeza no dia seguinte.
E a chuva?
Está ainda gotejando lá fora desde cedinho. O relógio marca 19 horas, faltam cinco para as 24 e na cozinha espera-nos uma panelinha de cachorro quente e amanhã ainda será domingo. Espero que sem chuva.
Gentilmente revisto pela amiga Vânia Moreira Diniz, em quem encontro grande incentivo.