O papel em branco
é algo em que se pode confiar
Machuca, alegra ou angustia,
dependendo de seu conteúdo, sua dádiva.
O papel em branco é apenas o comêço
de uma confissão que pode não ser confessada.
E também pode ser exposta, publicada.
Sua humildade é manter-se mudo.
É um amigo - ou um simples muro,
onde se derramam lamentos, mensagens
desabafos, virtuosismos de esquina,
andarilhos, cansados.
Instrumento de mãos trêmulas,
o papel é um cúmplice de todas as nossas incursões
ao sofrimento e à alegria.
Quero sobreviver para dizer o quanto
ele pode ser de ajuda.
Não importa o destino que tomar.
Ele, em si, traz consolo.
Ao menos, preenchido, é algo que se pode deixar
como herança.