— E qual sua teoria sobre as pirâmides?
— Acredito que as pirâmides – e tomou um gole – principalmente as do Egito – limpou a boca com o punho – foram construídas para serem um gigantesco mapa.
— Um mapa? Mapa do que?
— Um mapa do céu… um mapa das estrelas!
— Essa é nova…
— Seus compatriotas também acreditam nisso. Pelo menos uma dupla chamada Bauval e Gilbert.
— Acreditam no que? Em sua teoria?
— Não, a teoria é deles. Utilizaram um sistema computadorizado para recriar o céu noturno, com seria no Egito há mais de 5.000 anos.
— E o que descobriram?
— Que a construção das várias pirâmides foi uma tentativa de reproduzir o céu na Terra. Cada uma equivalia a uma estrela.
— Não existem tantas pirâmides quanto estrelas no céu.
— As pirâmides equivalem a apenas as principais estrelas, as de maior brilho. Outras construções menores provavelmente representavam as estrelas menores.
— Teoria improvável, na minha opinião.
— Não é isso que se imagina. Conversei sobre esse assunto com o Dr. Jaromir Malek do Instituto Griffith da universidade de Oxford no Ashmolean Museum, um cientista.
— E o que ele acha?
— Que a teoria de que as pirâmides são um mapa das estrelas é curiosa e interessante. Disse que caberá aos estudiosos avaliá-la ponto por ponto, já que a dupla publicou um livro sobre o assunto.
— Como se chama o livro ?
— Interessado numa teoria “improvável” ?
— Só perguntei o nome do livro…
— O “Mistério de Órion” , se não me engano.
— Mas isso não significa que a comunidade científica concorda com a teoria.
— Claro que não, por isso é que é uma teoria.
Os dois tomaram um gole, quase ao mesmo tempo.
O arqueólogo resolveu se pronunciar.
— Certa vez ouvi um comentário da Geraldine Pinch, da faculdade de estudo orientais da universidade de Cambridge, sobre esse assunto.
— Quem é ela?
— Na minha minha opinião uma das maiores especialistas em mitologia e religião do antigo Egito.
— E o que foi que ouviu dela?
— Que achava que é possível que a teoria do mapa estelar de Bauval tenha algum fundamento. Nem eu nem a Dra. Pinch achamos que seja impossível. Estudo as pirâmides de El Giza e o Egito antigo a muito tempo. Acho que tudo é provável.
— E quais são os fatos dessa teoria?
— O egiptólogo aponta para várias evidências ou coincidências para sustentar sua hipótese de que a maior série de pirâmides foi construída para representar uma estrela do céu.
— Todas elas?
— Aí é que está o problema. Nem todas. Mas principalmente as erquidas pela quarta dinastia dos faraós.
— Como cada uma representa um estrela?
— Bauval descobriu, por exemplo, que uma das quatro aberturas da pirâmide de Quéops apontava diretamente para uma estrela da constelação de Órion.
— Exatamente é a dzeta de Órion, chamada pelo egípcios de “Osíris”.
— Várias aberturas vão apontar uma vez ou outra para várias estrelas, qual a novidade?
— Mas não uma abertura cujo eixo necessariamente passe pelo centro da pirâmide, certo?
Ele fez um sinal de admiração e resignação, concordando.
— Essa é a base da teoria. Não me recordo de todas, mas lembro-me que a pirâmide vermelha de Snefru apontava para Aldebaran.
— Eu me recordo que as três pirâmides apontavam para três estrelas de Órion, não é mesmo?
— Sim, se me recordo bem, Miquerinos para a delta, Quéfren para epsilo e Quéops para dzeta de Órion.
— Realmente é curioso e interessante.
— Na minha opinião os egípcios conheciam o sistema solar. Sabiam que cada estrela era um sol, e que o sol nada mais era que uma estrela.
— Sim, e eles se denominavam “filhos das estrelas”.
— Muito provavelmente cada faraó era representado por uma estrela, ou se achava representante dela. Talvez os nomes dos faraós e das estrelas era o mesmo, ou tivessem significados relacionados.
— Essa já é outra teoria…
— Acredito que cada pirâmide era construída mais como um observatório e usada como um templo.
— Ficavam observando o céu como base numa estrela determinada?
— Muito provavelmente. Usavam a pirâmide para cerimônias e como escola durante a vida do faraó que a representava.
— E quando esse morria, fechavam as aberturas e cessavam as cerimônias.
— Exatamente. “Apagou-se a luz de nosso soberano na terra. Que sua luz brilhe eternamente agora só no céu”.
— Essa frase é de uma placa de um túmulo egípcio.
— E provavelmente corrobora a teoria do mapa estelar.
— É só a abertura que determinava o tal mapa?
— Bauval também descobriu que todas as sete pirâmides construídas durante a quarta dinastia foram localizadas no chão seguindo exatamente o mesmo desenho que as sete estrelas principais da constelação de Osíris.
— Hoje Órion.
— E mais, a correlação se estendia para o vale fértil do Nilo, que por sua vez correspondia a Via Láctea.
— Mas isso é uma mera coincidência. O Amazonas não corresponde a Via Láctea, por exemplo. E dizem que hoje é considerado o maior rio, não só em volume, mas também em cumprimento.
— Mas as “coincidências” como você diz, não param ai. Em seis das sete pirâmides, o tamanho é proporcional ao brilho da estrela que ela representa.
— E o brilho de uma estrela pode mudar em 4500 anos. Ou seja, na época as sete podiam ser totalmente equivalentes.
— E sete é um número cabalístico.
_ E por que não?
(extratos de um capítulo do Livro Biblioteca Perdida publicado pelo Autor)