A Emenda Constitucional que introduziu a reeleição, em todos os níveis, continua sendo absurda e não devia prosperar por mais tempo. A alegação de que um mandato de cinco anos é insuficiente para por em prática um programa de governo é justificativa que não se sustenta diante da evidência dos fatos.
O saudoso presidente Juscelino Kubitschek, por exemplo, não precisou de maior tempo para inaugurar uma nova era de prosperidade, com a implantação da indústria automobilística. Encontrou tempo, também, para construir Brasília, deslocando o eixo do Poder para o Centro-Oeste, redescobrindo o país e desconcentrando o raio de investimentos produtivos, rumo ao desenvolvimento econômico e social do Brasil.
A bem da verdade, a reeleição produz o desgaste político, a vulnerabilidade do poder e desemboca, quase sempre, no fisiologismo, no desperdício de recursos, na corrupção e tantas outras mazelas já conhecidas do povo brasileiro. A rotatividade do poder, ao contrário, é medida saudável e necessária, pois traz consigo a oxigenação política, apagando desenganos e reacendendo esperanças. Pelo que temos presenciado, durante todos estes anos de república, o mais sensato seria encurtar o tempo dos governantes, em todos os níveis.
Ademais, quem poderá garantir que o reeleito, ainda que bom governante, possa repetir a atuação anterior? Se a cada eleição muda-se a composição dos partidos e de seus filiados, por conta, até mesmo, da infidelidade partidária, alterando, conseqüentemente, o apoio da maioria ao governante majoritário que for eleito? A rotatividade do poder é medida saudável e necessária, pois traz consigo a oxigenação política, apagando desenganos e reacendendo esperanças.
Já se fala, inclusive, em retomar as discussões para a mudança do atual regime presidencialista para o Parlamentarista. E que Fernando Henrique poderia até se candidatar a primeiro ministro, perpetuando-se no poder.
E tem projeto, tramitando no Congresso Nacional, para conferir vitaliciedade aos ex-presidentes, na condição de Senador, que já conta, inclusive, dizem os jornais, com a simpatia de Fernando Henrique Cardoso.
Se com dois mandatos, até agora, não encontramos o nosso rumo, melhor trocar de caminho e de bússola. Sob pena de ficarmos, mais um longo tempo, atolado e na chuva, sem reclamar dela, pois é justo ela, a chuva, que tem evitado que a escuridão atrapalhe ainda mais o nosso caminhar, rumo ao futuro. Pra que lado mesmo fica o futuro?