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Ensaios-->Brasília: capital mundial da vadiagem -- 18/02/2002 - 15:22 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje pela manhã, dia 18 de fevereiro, ao enfrentar um engarrafamento monstro na Avenida L2 em direção à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, pensei comigo: - Opa! Finalmente o Brasil dos barnabés vai começar a trabalhar. Puro engano. Era apenas um acidente envolvendo três veículos que dificultava o trânsito na Avenida. O ano de trabalho do barnabé ainda não havia começado.

Para conhecer a dura vida do barnabé brasiliense, façamos algumas contas bem simples. Comecemos pelo novo ano de 2002, por janeiro, que tem um feriado logo em seu primeiro dia.

Se o barnabé não tirou o “recesso” de Natal, ou seja, uma folga semanal remunerada no final do ano passado, já começou o 2002 com 6 dias de feriado. Só no dia 7 é que apareceu na seção para “trabalhar”. Computando-se os sábados e domingos do mês de janeiro, são mais 6 dias de folga, totalizando 12 dias à toa.

O leitor poderá dizer: mas sábado e domingo são dias de descanso! Sim, para você, se for um barnabé, mas não para a população em geral, que trabalha aos sábados também, talvez folgue só aos domingos, e olhe lá, quando não tem que ir para o batente, fazer um bico para aumentar a renda familiar. Quem vive da lavoura trabalha exatos 365 dias por ano.

Em fevereiro, todos sabem, tem “carná”. O feriadão se prolongou do dia 9 até o dia 13 – 5 dias de moleza. Computando-se os sábados e domingos, são mais 6 dias, num total de 11. Quase a metade do mês! Isso para o barnabé comum. Para os professores da Universidade de Brasília, p. ex., onde meus filhos estudam, os dias de 5ª e 6ª Feira foram devidamente “enforcados”, aumentando a folga mensal para 13 dias. Entende-se: depois de 100 dias de greve em 2001, o trabalho não podia começar assim de repente, tinha que haver algum tipo de folga para compensar tamanha dureza!

Em março, sem feriados, são 11 dias de folga. Nada a reclamar.

Em abril, o barnabé deu azar, pois o dia 21 (Tiradentes) cairá no domingo. Mesmo assim, são 8 dias de feriado no mês.

Oba! Em maio tem feriado, logo no 1º dia. Para comemorar o Dia do Trabalho, nada como gozar mais um dia de vadiagem. E tem o dia de Corpus Christi, que todo ano cai numa 5ª feira – mais uma desculpa para enforcar a 6ª Feira. Sem a forca, mais 10 dias de folga no ano.

Em junho, os barnabés ficam tristes, não há feriado para comemorar. Mas são longos 10 dias de folga.

Em julho, idem, mais um mês de triteza, só oito dias de descanso.

Agosto vem e novamente 8 dias de folga. A tristeza do barnabé chega a seu limite.

Em setembro, o barnabé terá outro azar, o dia 7, da Pátria, cai num sábado. Mesmo assim, são 9 dias à toa.

Outubro traz outro azar, o dia 12 (N. Sa. Aparecida) cai num sábado. Assim não há barnabé que agüente! Só 8 dias de folga, como fica mermão?

E vem novembro e o barnabé chega à conclusão que 2002 é mesmo um ano azarado. Dia 2 (Finados) cai num sábado. Mas, o barnabé se alegra um pouco ao saber que dia 15 (República) cai numa 6ª Feira. São 10 dias de folga, melhorou um pouco, o barnabé começa a sorrir de novo.

E chega o último mês do ano, dezembro, que tem Natal, dia 25, que cai numa 4ª Feira. Mas nenhum barnabé irá trabalhar no dia 24, para poder deixar o peru bem tostado para a ceia. E também não irá trabalhar no dia 31, véspera de ano novo. É dia de tostar o pernil! O barnabé abre de vez o sorriso...

Depois de um ano de tanta dureza, é chegado o período de férias, de 30 dias, para renovar as energias para mais um ano de intenso trabalho.

Somando tudo, dá a ninharia de 147 dias parados. Mas, no Rio de Janeiro, o barnabé é ainda mais privilegiado: tem o Dia do Padroeiro (São Sebastião), o Dia do Evangélico e o Dia de Zumbi, mais 3 dias para comemorar a vadiagem. Por isso, todo mundo tem inveja do barnabé carioca: além de ter a praia à disposição durante 365 dias por ano, tem folga durante exatos 150 dias! Sobraram 215 dias para o duro trabalho de bater o cartão, tomar o cafezinho e navegar na Internet (minimize, que o chefe chegou!).

Claro, não foram computados os dias em que o barnabé tem direito para faltar ao trabalho, 2 vezes ao mês, em média, o que é de praxe desde que a capital da República ainda ficava no Rio. Nem os dias que irá ao dentista ou ao médico para o check-up anual. E também não se vai computar os 4 meses de licença que a barnabé gestante tem direito para parir, nem os 8 dias de licença-paternidade – um mero detalhe que não iria mudar muito a matemática acima... Afinal, não é todo mês que se tem um filho!

Apesar dessa dureza toda sofrida pelos barnabés, sabe quanto a União gastou, p. ex., em 2000, com horas extras? Uma mixaria: R$ 162.829.940,11!

Com esses 160 milhões, a União poderia contratar 82.000 servidores, ganhando, cada um, salário de R$ 1.965,00 (vencimento médio de um servidor da ativa, segundo o Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento).

Veja as seguintes quantias gastas em 2000:
- horas extras com servidores civis só no Executivo: R$ 11 milhões (57% a mais do que em 1999)
- diárias com todos os poderes: R$ 312.566.541,96
- diárias no exterior: R$ 24.845.024,00
- gastos com passagens de avião no país: R$ 227.618.991,12
- outras passagens no país: R$ 30 milhões

(Fonte: Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, publicado no jornal “Extra”, de 29 de julho de 2001)

Quando, enfim, o barnabé vai se aposentar, tem direito de levar o valor integral do salário para a inatividade. O trabalhador comum, que normalmente trabalha todo sábado, e só tem folga em 5 ou 6 feriados por ano, tem o direito de receber apenas R$ 1.200,00, brutos – o líquido dará menos de 900 reais. Se quiser uma aposentadoria melhorada, que tire do próprio bolso para pagar por esses planos de pecúlios e pensões que ninguém sabe se não se tornarão uma outra Capemi.

Assim, explicado está porque a Previdência não tem como melhorar a pensão dos aposentados mais pobres. Cerca de 80% do orçamento, ou até mais, vai para apenas 20% da população, que são os verdadeiros marajás que tanto se falava anos atrás, hoje o povo até nem liga mais, não tem jeito mesmo.

O Governo FHC até que tentou mudar esse triste quadro. Mas, o corporativismo do próprio Congresso, encabeçado pela barnabezada da esquerda, não permitiu que se modificasse uma vírgula nesse esquema de lesa-pátria.

Deus salve o Brasil! E Nossa Senhora nos ampare!


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