Bramar ou não Bramar, Eis a Questão
(por Domingos Oliveira Medeiros)
O patrocínio, a propaganda, marcas e patentes, a concorrência e os lucros, entre outros, fazem parte do regime capitalista. Nem por isso, no entanto, deveríamos descuidar dos aspectos éticos e morais insertos nas relações comerciais entre as empresas e os consumidores. Toda organização precisa passar para o público a imagem de respeito e preocupação para com suas crenças e valores. As comemorações pela conquista do pentacampeonato trouxeram à tona a questão da propaganda inadequada. Aqui entendida como sendo a propaganda que faz apologia às drogas. Sejam elas consideradas lícitas ou não. Em Brasília, durante as comemorações do pentacampeonato, vimos, na prática, a marca de uma cerveja sobrepor-se ao bom senso. Associaram, indevidamente, o consumo do álcool com o sucesso e o brilho dos campeões mundiais de futebol. Trocaram o calor e o vermelho do Corpo de Bombeiros, pelo vermelho e o fogo de uma cerveja que ocupou, todo o tempo do percurso, o pódio de um trio elétrico, que desfilou enfeitado com a mistura exagerada das cores do produto e de nossa bandeira. Confundiram homenageados e patrocinadores, sobre o bramir de uma população indefesa diante das labaredas vermelhas. Que sobressaiam e apagavam o brilho dos jogadores. Duas fontes distintas de calor. Dois significados diferentes de alegria. Que jamais se unem. Que não poderiam ocupar o mesmo espaço. A mesma comemoração. O mesmo bramido.
Domingos Oliveira Medeiros
DOM – 11 de julho de 2002