Te encontrei fuzilando o universo. Fiquei receoso de cumprimentar-te. Olhos duros, não frios, irritados, não odiosos.
Não puxei conversa. Tive receio de pagar o pato.
Tive vontade de nada dizer mesmo, mesmo porque teu mundo era desconhecido, embora tivesses um vestido que inspirasse dois dedos de prosa.
Prosa airosa ou desastrosa era a questão.
Deixei prá lá. Até o dia em que me deste carona, por caronar e só.
Então vi teus lábios, teu pescoço, teu rosto de mulher selvagem, espécie de guerrilheira disposta ao sacrifício por uma causa.
Causa, efeito, calça, defeito. Palavras que surgiram com tua face sorridente no outro dia.
E a vontade de te beijar. De te beijar. E de te beijar.
Tive vontade de escrever versos, mas isto não sei, pois prosador fiquei, e teus olhos passaram a me perseguir. Como a doença persegue o doente, o fogo persegue a chama, a água persegue a chuva, a rima desnuda a prima.
Conceitualmente caótico, não queria estabelecer qualquer tipo de raciocínio lógico nos primeiros momentos.
Gostei de ver tuas mãos, teus braços com aquele objeto misterioso, e acima de tudo, a cara de tempestade.
Recuperei o gosto de homenagear alguém, volatizar letras. Em vão eu sei.
Guerrilheira, auto-suficiente, não deixaste espaço para que outras prosas houvessem.
Mas te curti enquando duraram os poucos momentos, e deixei o barco navegar em noite de tempestade, esperando o grande Tsunami.
Depois e passei e vi. E fiquei com vontade de te beijar outra vez. E mexer nos teus cabelos revoltos. E escrever, enchendo o texto de reticências, para que talvez...