“A linguagem jornalística :ela é constituída de palavras, expressões e regras combinatórias que são possíveis no registro coloquial e aceitas no registro formal”( página 38). Essa citação sintetiza a idéia do livro Linguagem jornalística de Nilson Lage, obra em que o autor tenta não só dar uma visão geral das diferentes linguagens comunicacionais, como também de apresentar ao leitor as normas e padrões vigentes nos grandes veículos de comunicação de massa.
Fazendo uso de termos técnicos , enchendo o leitor de muitas informações e poucos esclarecimentos, o livro em questão, publicado em 1985, é uma sucessão de reedições da editora Ática , tornando-se portanto ultrapassado, pois a linguagem jornalística foi incrementada , nos últimos anos, com o uso de computadores e de veículos como a Internet.
A obra é composta de 80 páginas e dividida em dois capítulos, possuindo também uma parte anexa composta por um vocabulário crítico e uma bibliografia comentada.
O jornalista inicia o primeiro capítulo do livro dando uma visão geral das diferentes formas de comunicação lingüistica, divididas em duas : a digital e a analógica. A digital seria o conteúdo da mensagem , seu significado ;e a última estaria repartida em diferentes unidades ( as fotografias, ilustrações, charges e cartoons) .
Logo após , Lage faz uma análise do jornalismo moderno no qual, segundo o autor, a notícia terminou virando uma informação efêmera e descartável , condenando , dessa maneira , o jornal a um reles maço de papel.
Em seguida o livro perde-se em sua essência , ao mergulhar o leitor numa série de normas sobre cores e tipos de letras, tamanho e espaços do papel...onde além de faltar no texto exemplificação do que está sendo dito , vai tornando a leitura entediante e fatigosa. Há também uma explicação sobre a utilização da linguagem analógica no rádio, na fotografia e na televisão, havendo a preocupação, por parte do autor , de valorizar a coloquialidade do rádio, a significação contida numa fotografia e o discurso múltiplo do telejornalismo.
Do primeiro para o segundo capítulo , a impressão que se tem é de que foram escritos dois livros distintos, pois esta última parte mostra preocupação excessiva em apresentar definições de linguagem e enumeração de normas , sendo também quase inexistente exemplos a respeito do que está sendo dito.
Ainda no segundo capítulo do livro, Lage conseguiu trazer ao público algo interessante : é o que autor chama de “ fait-divers”, explicado como sendo uma forma de antítese utilizada para tornar a informação mais atraente.
Apesar de ser um livro extremamente normativo e permeado por termos técnicos , deixando em muitos momentos o leitor perdido, pois não há visualização do que está sendo colocado no texto, Linguagem Jornalística também traz ao público questões pertinentes como, por exemplo, se a função do jornal é formar ou informar. Mas, como diria Drummond, “o fato ainda não acabou de acontecer e já a mão nervosa do repórter o transforma em notícia” ; porém , que notícias e com que linguagem elas devem ser passadas? O livro em questão apesar de responder essas indagações, deixa a perspectiva sombria de um jornalismo limitado por regras e padrões.