Esta terra quente com este sol infernal me faz espelho inócuo que para nada serve. Esta coisa de imagem que todos devem ser não é mais do que um balão de ar quente perdido e abandonado subindo sem parar. Ninguém olha para mim nessa imensidão de pó e alegria misturados numa melancolia de abandono. Fazem tanto barulho que mal sei quem é quem num rebuliço espontâneo de cantigas infantis. O sol é um diabo a me torturar e se veste de Narciso quando de seus olhos rajadas de luzes me cobrem de prata. Meu passado ficou no pó do esteticismo patético dos tempos modernos e ultrapassados. O Sol e a terra me castigam e me humilham e eles, me ignoram, me ignora, me ignora, me ignora. Ah! Se você soubesse que atrás desta câmera alguém não espera o sol. Sempre me julgastes e jogastes no embuste do silêncio. Mas nem ti, nem eu, nem nós, saberiam destinguir Deus e o Diabo nesta terra quente de imagens. Olhe para mim, frente a frente com você! Somos iguais. Sua câmera de nada vale numa terra quente, voraz e veloz. “Olhe pra mim e veja você. Minhas férias estão começando e quero goza-las como um odre velho com vinhos novos”. Brincaram toda a tarde e esqueceram o tambor. A lua apareceu e brilhou como um acalanto de ternura inverossímil.