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Ensaios-->Guerrilha do Araguaia -- 30/12/2002 - 17:06 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Guerrilha do Araguaia

Félix Maier

No dia 10 de dezembro de 2002, foi feito em Brasília o lançamento do livro “Guerrilha do Araguaia – Revanchismo”(1), de autoria do coronel do Exército Brasileiro Aluísio Madruga de Moura e Souza.

O coronel Madruga exerceu atividades de Inteligência durante 35 anos, foi Adido Militar em Montevidéu (mesma Aditância em que serviu o coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, o qual sofreu acusações caluniosas da então Deputada pelo PT, Bete Mendes) (2), e participou da Guerrilha do Araguaia, dizendo que “quanto à Guerrilha do Araguaia, eu estive lá durante 6 meses, participando de uma operação de Inteligência” (contracapa do livro citado).

O restaurante Carpe Diem do Pier 21, na noite de autógrafos do coronel Madruga, estava bastante lotado, com destaque para muitos militares e suas esposas. Porém, senti a falta de quem poderia ser um ilustre convidado para a ocasião: José Genoíno Neto, um dos poucos guerrilheiros que sobreviveram à aventura do Araguaia. Também notou-se a falta de jornalistas para cobrir o evento. Fosse o autor um terrorista de esquerda, mesmo de quinto escalão, que tivesse dinamitado recrutas em São Paulo, por certo os “guerrilheiros da pena” (3) teriam acorrido aos borbulhões.

O livro de Madruga, na verdade, é bem mais amplo do que o relato que ele faz da Guerrilha do Araguaia, na Parte III. Engloba toda a história do Movimento Comunista Brasileiro, desde a fundação, em 1922, do Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC), que em 1934 passa a se chamar Partido Comunista do Brasil, que promoveu a Intentona Comunista de 1935; abrange a Contra-revolução de 1964; e finaliza com as organizações terroristas comunistas que desencadearam guerrilhas urbanas e rurais nas décadas de 1960 e 70, aí incluída a Guerrilha do Araguaia. O autor tece ainda algumas considerações sobre a Lei da Anistia, sobre o revanchismo promovido contra as Forças Armadas durante o Governo FHC, que concedeu vultosas quantias de dinheiro a familiares de terroristas, além de “radiografar” o Partido dos Trabalhadores, não um partido, mas uma “frente” que mistura, com ditos “democratas”, toda sorte de comunistas radicais ortodoxos ainda vivendo em um mundo anterior à queda do Muro de Berlim e do desabamento da URSS.

Como o relato da “Parte III – Guerrilha do Araguaia” do coronel Madruga não difere muito daquele feito pelo general do Exército Brasileiro Agnaldo Del Nero Augusto, em seu livro “A Grande Mentira” (4), o extrato abaixo tem como fonte os livros de ambos os oficiais do Exército.

Antecedentes

“Já nos idos de 1969, os Órgãos de Segurança que combatiam as ações do MCB nos grandes centros urbanos, suspeitavam da existência de um ‘Trabalho de Campo’ que estaria sendo realizado pelo PC do B na região Norte do Estado de Goiás, hoje Estado de Tocantins, e conhecida como ‘Bico do Papagaio’ ” (Madruga, op. cit., pg. 131).

“A propósito, como relata Gorender em seu ‘Combate nas Trevas’ (pg. 207 e 208), ‘o PC do B, a partir de 1967, fixou à margem esquerda do Rio Araguaia um grupo de militantes com treinamento na China: Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão), João Carlos Haas Sobrinho, André Grabois, José Humberto Branca e Paulo Mendes Rodrigues. Paulatinamente, sobretudo a partir de 1970, chegaram outros militantes e o total atingiu 69, dispersos ao longo de um arco, estendido de Xambioá até Marabá’ ” (Del Nero, op. cit., pg. 415 e 416).

A revelação da atividade guerrilheira na região do Araguaia fora feita por um casal de militantes que abandonara a área. No início de 1972, foram presos pela Polícia Federal de Fortaleza os militantes do PC do B, Pedro Albuquerque Neto, e sua esposa, Tereza Cristina de Alguquerque. Durante o interrogatório, Pedro declarou ter-se evadido de um campo de treinamento de guerrilha rural localizado no interior do município de Conceição do Araguaia. Não se adaptando às atividades na selva e por ter-se revoltado com uma decisão do Partido, que pretendia impor à sua mulher a realização de um aborto, apropriou-se de 30.000 cruzeiros pertencente à organização e fugiu da área com a mulher.

1ª Operação de Inteligência

“... foi planejada e executada uma operação de Inteligência, envolvendo o Sudeste do Pará, e que teve início com a chegada dos primeiros agentes em Marabá a 25 de março e em Xambioá nos primeiros dias do mês de abril de 1972” (Madruga, op. cit., pg. 132-33). Aos agentes do Pará juntaram-se outros, provenientes de Brasília, para levantamento da situação guerrilheira no sentido Sul-Norte. As equipes de Inteligência, em trabalhos sucessivos, levantaram indícios das declarações de Pedro Albuquerque e tudo indicava que uma área de guerrilha havia sido implantada no Brasil.

“Em várias oportunidades, os elementos do Sul estiveram em vias de capturar alguns componentes da guerrilha, deixando de fazê-lo, face ao levantamento ainda incipiente sobre o grau de subversão existente na área, a deficiência dos próprios meios de que dispunham na ocasião, com destaque para o de comunicações que funcionavam com dificuldade na selva e, ainda, para evitar a quebra do sigilo da operação” (Madruga, op. cit., pg. 133).

No dia 14 de abril, a operação de Inteligência “foi suspensa porque passou a ser do conhecimento dos guerrilheiros” (Ibid., pg. 133). No mesmo dia, “foi preso o guerrilheiro Danilo Carneiro (“Nilo”), em Caiano, ao tentar abandonar a área guerrilheira, pois havia sido dispensado pelo ‘Bureau Político’ do PC do B por falta de aptidão física e emocional para o tipo de atividades que a guerrilha estava desenvolvendo” (Ibid., pg. 133). No dia 15 de abril, foi presa em um hotel de Marabá, PA, Rioco Kaiano, entregue “de bandeja” por Elza Monerat, integrante da cúpula do PC do B no Araguaia, ao lado de Maurício Grabois, Ângelo Arroio e João Amazonas.

1ª Operação Militar

Foram confirmados indícios de atuação de guerrilheiros no Sudeste do Pará quando um pelotão do 2º Batalhão de Infantaria de Selva (2º BIS), da 8ª Região Militar (8ª RM), investiu sobre 2 pontos de apoio aos guerrilheiros, apreenderam roupas, calçados, remédios, literatura marxista, um manual de instrução militar, um quadro de trabalho e algumas armas em mau estado.

Quando 2 militantes foram presos, a 8ª RM decidiu empregar mais 2 pelotões, inicialmente mantidos na reserva. No dia 18 de abril, com a prisão de José Genoíno Neto (“Geraldo”), em Esperancinha, este revelou toda a estrutura do PC do B na área, fornecendo a localização dos 3 destacamentos. Genoíno pertencia ao Destacamento “B” e era o chefe do Grupo Gameleira. Nos primeiros dias de atuação das Forças legais na área, foram destruídos 9 pontos de apoio, atingindo os três destacamentos. Depois desse êxito, os efetivos militares foram ampliados, com o emprego de 26 combatentes do Destacamento de Forças Especiais da Brigada Pára-quedista, do Rio de Janeiro.

No início de maio, computando as tropas da PM/PA, os responsáveis pelo transporte aéreo e o pessoal de informações, o total das Forças de Segurança era de mais ou menos 200 homens. A área de ação compreendia 900 km², cobertos por densa vegetação e sem vias de transporte, tinha o formato de um triângulo, tendo como base a Transamazônica, de Marabá até Araguantins, e como vértice oposto Araguanã, tendo como limites, de um lado o Rio Araguaia, e de outro o Rio Vermelho.

No 1º período, praticamente não houve choques, pois as tropas se mantinham nos povoados e nos castanhais. O 1º choque deu-se quando uma equipe do Exército foi atacada, resultando no ferimento de um tenente e um sargento, tendo desaparecido o cabo do Exército Odilo Cruz Rosa, que fora morto, segundo alarde de Osvaldão, que dissera aos habitantes da região que montaria guarda ao corpo até que apodrecesse, pois o Exército não teria coragem de resgatá-lo. Um patrulha efetivamente encontrou o cabo Rosa, morto, de quem haviam levado uma metralhadora. A 3ª Brigada de Infantaria enviou 3 pelotões para a região de Xambioá e 2 para a região de Araguantins, para ocupação desses locais e lugarejos mais próximos.

Na 1ª operação, incompleta, de reconhecimento, executada por pessoal não especializado, com reduzido efetivo, houve êxito satisfatório. Foram feitas 10 prisões de subversivos, sendo 4 resultantes de deserções.

2ª Operação Militar

Como a área afetada pela guerrilha abrangia zona de responsabilidade de mais de um Grande Comando, o Estado-Maior do Exército (EME) atribuiu ao Comando Militar do Planalto (CMP) a responsabilidade das operações. O CMP havia previsto, em suas Diretrizes do ano de 1972, uma manobra na área, em que sugeria ao EME que essa manobra incluísse unidades do IV Exército, com sede em Recife, PE, e do Comando Militar da Amazônia (CMA), com sede em Manaus, AM, além de um destacamento da Brigada Pára-quedista.

Nessa manobra, participaram, ainda, tropas de Fuzileiros Navais e elementos de apoio aéreo, totalizando um efetivo de cerca de 2.500 homens. No período de 15 a 17 de setembro de 1972, foi feita a ocupação da área. Para atenuar a vantagem que os guerrilheiros haviam obtido junto à população, foi desenvolvida uma atividade cívico-social nas localidades de Xambioá e Araguantins, com atendimento médico-odontológico e a distribuição de medicamentos e material escolar. O INCRA foi convidado a solucionar problemas fundiários e o Governo do Estado se obrigou a colocar um médico no hospital de Xambioá, onde não havia nenhum. A Polícia Federal prendeu vários grileiros, que expulsavam os posseiros de suas terras.

No dia 27 de setembro, os guerrilheiros investiram contra uma base do 2º BIS, matando o 2º sargento Mário Abrahim da Silva. Nesse e em outros combates, estima-se que alguns guerrilheiros possam ter morrido ou ficado feridos. A manobra encerrou-se no dia 2 de outubro, o que permitiu que os guerrilheiros voltassem a se movimentar com liberdade e realizassem a reaproximação com os moradores da área, adquirissem e estocassem alimentos, e ampliassem as ações. “Após a manobra, permaneceu na área a PM/GO, acantonada na cidade de Xambioá, visando a manutenção da autoridade governamental e ainda para oferecer relativa proteção aos mateiros que serviam de guias às tropas empregadas, por livre e espontânea vontade, até porque eram remunerados para desempenhar tal atividade” (Madruga, op. cit., pg. 141).

2ª Operação de Inteligência

O foco guerrilheiro era preocupação do Governo, que temia que na área fosse estabelecida uma zona liberada, ou seja, uma área onde o Governo deixaria de exercer uma de suas mais importantes prerrogativas, que é o monopólio da força de coerção da sociedade. Com isso, poderia surgir outro “Estado” dentro do País, como havia ocorrido em outros países, fruto da Guerra Fria, a exemplo de Angola e Moçambique.

Na 1ª quinzena de maio de 1973, teve início uma operação de informações na área da Guerrilha do Araguaia – Operação Sucuri, com a chegada de aproximadamente 30 agentes, que entraram na área da mesma forma que os subversivos haviam feito anos atrás: adquirindo terras como posseiros, comprando “bodegas”, estabelecendo e operando “negócios” – uma eficaz “estória de cobertura”.

Os agentes, por diversas vezes, tiveram contatos com terroristas. Um deles, para não despertar suspeitas, viu-se obrigado a vender-lhes munições. O convívio na região permitiu que os agentes delineassem a área onde os guerrilheiros circulavam, que tipo de armamento possuíam, quem lhes prestava apoio e quem era neutro. Os agentes trabalharam na área durante 5 meses, adquirindo conhecimentos essenciais para o posterior êxito das operações. Nesse tempo, soube-se que os subversivos executaram 4 pessoas: um conhecido como Pedro Mineiro e outro como Osmar, e que teriam “justiçado” Rosalindo Cruz, que pretendia deixar a área, e o posseiro João Pereira, por haver colaborado com o Exército durante a operação de informações.

“A SUCAM foi de grande importância para a Operação, porque os primeiros croquis que se obteve da região foram fornecidos pelos bravos ‘mata-mosquitos’. E por que não heróicos, já que se aventuraravam selva adentro com a ‘cara e a coragem’, apenas com o sue ‘burrico’ e o pulverizador, sendo importante lembrar que estamos falando de uma região de quase 30 anos atrás e com grande quantidade de animais selvagens” (Madruga, pg. 144).

Entre as “operações psicológicas” do inimigo, uma era a de “aterrorizar a população, justiçando aqueles que mais cooperaram com o Exército, como foi o caso do mateiro João Pereira, mateiro Osmar e Pedro Mineiro, capataz da Fazenda Capingo” (Madruga, pg. 150).

Durante os “justiçamentos” (5), eram espalhados panfletos, como o transcrito abaixo:

“Comunicado das Forças Guerrilheiras do Araguaia

Julgado pelo Tribunal das Forças Guerrilheiras do Araguaia, foi condenado à morte, o pistoleiro conhecido pela alcunha de Pedro Mineiro, assalariado do facínora Capitão Olinto, membro do grupo canalha ‘Capingo’ protegido da ditadura.

Pedro Mineiro, responsável pela morte de vários lavradores e peões, paga com a vida seus crimes contra o povo.

Morte aos pistoleiros e bate-paus!
Morte aos grileiros!
Morte aos Generais fascistas!
Abaixo o INCRA!
Abaixo a Ditadura Militar!
Viva a Terra livre!
Viva o povo brasileiro!
Viva as Forças Guerrilheiras do Araguaia!”
(Madruga, op. cit., pg. 150-1)


3ª Operação Militar

“As Forças legais iniciaram as ações em Xambioá, no dia 7 de outubro de 1973, e surpreenderam os guerrilheiros. Não entraram em massa nem pelo Norte, nem pelo Sul. Atuaram descentralizadamente, guiadas pelos agentes que havia cinco meses viviam na área e de cuja presença os guerrilheiros sequer suspeitavam – por mais de uma mês ficaram sem ter noção dos efetivos que combatiam. As forças legais totalizaram cerca de 250 homens, mas os terroristas os julgavam cinco vezes superior, confundidos pela dispersão das tropas.

A 1ª ação realizada pelas Forças de Segurança foi o isolamento de apoio logístico e de pessoal aos terroristas. Cada equipe das Forças legais recebia de seu guia uma ficha de moradores, indicando o grau de comprometimento e os tipos de apoio que prestavam. Essas pessoas passaram a colaborar com as Forças de Segurança, que passaram a assistir suas famílias. Sob custódia da PM do Pará, recebiam alimentação, certidões de nascimento e de casamento, e a muitos foi entregue o título da terra. Não tinham qualquer formação política e cooperaram com os ‘paulistas’ – como eram chamados os guerrilheiros -, que davam assistência médica e os orientavam sobre práticas agrícolas. Logo no início das operações, a rede de apoio aos subversivos estava desbaratada, graças aos trabalhos de levantamento feitos pelo pessoal de informações. Depois do 1º combate, os guerrilheiros desapareceram e se dispersaram na mata em suas áreas de homizio. Durante todo o mês de novembro e parte de dezembro, não houve mais confrontos.

Os subversivos, nesta 3ª operação, foram surpreendidos pela ação de combatentes profissionais, com larga experiência na selva – não mais de recrutas inexperientes. Estabeleceram bases de operações na mata, patrulhavam castanhais, grotas e possíveis áreas de homizio. Recebiam informações de helicópteros que vigiavam a região. Estavam acompanhados de bons ‘piseiros’ – como são conhecidos os rastreadores da região -, homens especializados em seguir rastros.

As Forças legais previam confrontos violentos, em que o reflexo e a iniciativa de fogo são fundamentais. Os subversivos, porém, durante esse período, pareciam apenas se preocupar com marcar presença na área ou apenas sobreviver.

As operações se prolongaram até meados de 1974, quando as Forças legais concluíram que os subversivos não tinham mais condições de atuar coordenadamente na região, já que não tinham mais contato com a direção política do movimento, nem tinham mais o apoio da população. A maior parte da tropa foi retirada da região, sendo mantidas pessoas da área de informações e um destacamento que passou a guarnecer as instalações de um quartel recém-construído em Marabá, hoje sede de uma Brigada de Selva do Exército.

Essa foi a mais séria tentativa de implantação de um foco guerrilheiro no País. Os erros e os acertos cometidos de parte a parte constituem um repositório de ensinamentos que não podem ser desprezados.

Esta história, aqui resumida, nos foi transmitida por participantes dessas ações, mas todos eles com uma visão parcial, específica de suas áreas de atuação. Não dispomos de maiores dados sobre os combates e nem era esse o nosso objetivo neste trabalho. É lógico que esta história precisa ser enriquecida com o relato de pessoas que, participantes ou não das operações, tenham delas uma visão mais ampla e, ao mesmo tempo, mais detalhada do seu desenvolvimento”. (Del Nero, in “A Grande Mentira” - extrato, pg. 449 e 450)

O livro de Madruga não relata em detalhes a 3ª Operação Militar, porém traz dados minuciosos não encontrados no livro de Del Nero, como o detalhamento minucioso das 'estórias-coberturas”(6), criadas pela 2ª Operação de Inteligência, em que “bodegueiros” foram treinados em biroscas da Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, além de apresentar as listas dos guerrilheiros presos, desertores e mortos:

“Por parte da guerrilha

a) Foram presos: Pedro Albuquerque Neto; Tereza Cristina de Albuquerque; Danilo Carneiro; Rioco Kaiano; José Genoíno Neto; Eduardo Monteiro Teixeira; Lourival Moura Paulino, pertencente a rede de apoio que se suicidou na prisão de Xambioá; Dower de Morais Cavalcante; Luzia Reis Ribeiro; Dagoberto Alves Costa; Regilena da Silva Carvalho; Glênio Fernandes Sá; Lúcia Regina de Souza Martins e Criméia Alice Schimit de Almeida que saiu da área com autorização da guerrilha, por estar grávida, e posteriormente foi presa em São Paulo.

b) Desertaram: Elza de Lima Monerat e João Amazonas de Souza Pedroso, ambos em 04 de abril de 1972; Angelo Arroio e Micheas Gomes de Almeida em meados de janeiro de 1974.
c) São dados como mortos em combate: Adriano Fonseca Fern
andes Filho; André Grabois; Antônio Alfredo Pinto; Antônio Carlos Monteiro Teixeira; Antônio de Pádua Costa; Antônio Guilherme Ribeiro Ribas; Antônio Teodoro de Castro; Arildo Valadão; Áurea Elisa Pereira Valadão; Bergson Gurjão de Farias; Cilon Cunha Brum; Ciro Flávio Salazar de Almeida; Custódio Saraiva Neto; Daniel Ribeiro Callado; Demerval da Silva Pereira; Dinaelza Santana Coqueiro; Dinalva Conceição Oliveira Teixeira; Divino Ferreira de Souza; Elmo Corrêa; Francisco Manoel Chaves; Gilberto Olímpio Maria; Guilherme Gomes Lund; Helenira Rezende de Souza Nazareth; Hélio Luiz Navarro de Magalhães; Idalísio Soares Aranha Filho; Jaime Petit da Silva; Jana Moroni Barroso; João Bispo Ferreira Borges; João Carlos Haas Sobrinho; João Gualberto Calatroni; José Humberto Bronca; José Lima Piauhi Dourado; José Maurílio Patrício; José Toledo de Oliveira; Kleber Lemos da Silva; Líbero Giancarlo Castíglia; Lúcia Maria de Souza; Lúcio Petit da Silva; Luiz Renê Silveira e Silva; Luiza Augusta Garlipe; Manoel José Nurchis; Maria Célia Corrêa; Maria Lúcia Petit da Silva; Maurício Grabois; Miguel Pereira dos Santos; Nelson de Lima Piauhi Dourado; Oswaldo Orlando da Costa; Paulo Mendes Rodrigues; Paulo Roberto Teixeira Marques; Pedro Alexandrino de Oliveira; Rodolfo Carvalho Troiano; Rosalino Cruz Souza; Suely Yomiko Kaneyama; Telma Regina Cordeiro Corrêa; Tobias Pereira Junior; Uirassu de Assis Batista; Valquíria Afonso Costa e Vandick Reidner Pereira Coqueiro”. (Madruga, op. cit., pg. 165-66)

No “Comentário Crítico”, Madruga refuta relatos facciosos propalados tanto na imprensa como em documentos do PC do B: “Outro fato que distorcem de maneira grotesca diz respeito aos efetivos empregados pelas forças legais que segundo publicações do PC do B chegou a 12 ou 15 mil homens, como afirma Angelo Arroio em seu artigo ‘Grande Acontecimento na Vida do País e do PC do B’, página 57 da obra ‘Guerrilha do Araguaia’, da Ed. Anita Garibaldi, 1966. Como vimos, o maior efetivo que esteve na área foi de aproximadamente 2.500 homens, pelo prazo de 12 dias e não mais. Quanto ao apoio da população, o PC do B afirma, por intermédio do relatório Angelo Arroio já citado, contar na época com 90% do apoio da população. Como a estimativa era de que na área existiam aproximadamente 20 mil habitantes, a guerrilha teria o apoio de 18.000, o que é uma mentira deslavada. Esse apoio não chegou a 200 pessoas, sendo que apenas umas 15 ou 20 se tornaram combatentes”. (7) (Madruga, op. cit., pg. 166-7)

“Relatos de ex-guerrilheiros e militares que participaram da terceira ofensiva no Araguaia revelaram que, na fase decisiva, o Exército não fazia prisioneiros. Quem escapava da caçada na selva não sobrevivia à tortura. Os corpos eram enterrados na floresta. O Exército, porém, não admite até hoje as mortes”. (Jornal do Brasil, in “Uma história mal contada”, de 24 de maio de 2001)

O coronel aviador da Aeronáutica, Pedro Corrêa Cabral, acusou o coronel do Exército, Sebastião Curió (atual Prefeito de Curionópolis, PA), de ser um dos responsáveis pela execução de guerrilheiros, cujos corpos posteriormente teriam sido esquartejados, reunidos e queimados com pneus no início de 1975, na Serra das Andorinhas, Sul do Pará. Relatos, como os do coronel Cabral, levaram militantes e deputados do PC do B e do PT a vasculhar a área, à procura de ossadas. Os “procuradores de ossos” (8) alegam que se trata de uma questão humanitária, de entregar os ossos aos parentes.

Na verdade, essa procura por ossadas, que se repete de tempos em tempos, é apenas mais um motivo para atacar as Forças Armadas que combateram a Guerrilha. Trata-se de aparecer na imprensa, o que a esquerda sabe fazer muito bem, já que é totalmente dominada por ela, em uma espécie de Annus Gramscii (9), de modo a ficar em evidência na mídia como os “bons mocinhos” combateram a “vil ditadura militar”. O deputado do PT, Luiz Eduardo Greenhalgh, é o principal advogado de “mortos e desaparecidos” e das famílias dos guerrilheiros mortos no Araguaia, e não perde uma cena sob os holofotes para “ficar bem” na fotografia, quando o assunto é “ossadas do Araguaia”. São todos, na verdade, embusteiros, pois, durante o II Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre em 2002, militantes petistas proibiram que na ocasião fosse apresentada uma mostra fotográfica das ossadas do Camboja, em que morreram 2 milhões de pessoas, vítimas do tirano comunista Pol Pot.

A verdade é cristalina: os “mocinhos bons” do PC do B, na Região do Araguaia, incorreram em dois desastres fundamentais: o primeiro, por não estarem preparados para o combate na selva. Os três principais líderes comunistas, num total de quatro, fugiram do local quando a luta se tornou inglória, deixando os “mocinhos” sós na empreitada. Mesmo assim, o “fujão” João Amazonas é endeusado pelos comunistas como um herói brasileiro. O segundo desastre é inerente à própria ideologia comunista, satânica em sua essência, que tanto enganou a juventude nos anos de 1960 e 70, com a utopia do “igualitarismo”, porém, é apenas uma doutrina que prega o mais torpe totalitarismo, não aceita o livre pensamento e a livre iniciativa, não deu certo em nenhum lugar do mundo e matou mais de 100 milhões de seres humanos.

Assim, devemos saudar como legítimos heróis os militares que combateram a hidra vermelha nos sertões do Pará, com muito sacrifício e persistência, longe dos familiares. Esses é que devem ser exaltados, não a súcia vermelha que tentou transformar a região em uma “Farclândia” albanesa – como quer fazer crer a mídia esquerdista. Não tivesse o Exército Brasileiro derrotado os comunistas no Araguaia, hoje, provavelmente, ainda estaríamos em guerra civil, em uma Angola continental, como ocorre na vizinha Colômbia, que não soube cortar o mal pela raiz no devido tempo. Não houvesse o Brasil erradicado a guerrilha, com certeza FHC estaria passando para Lula mais um “plano de paz”, uma nova agenda de “conversações” com o Comandante José “Tirofijo” Genoíno, o Grande Líder da República Revolucionária Democrática e Socialista do Araguaia.


Notas:

(1) SOUZA, Aluísio Madruga Moura e. Guerrilha do Araguaia – Revanchismo. Abc BSB Gráfia e Editora Ltda., Brasília, 2002 (abcbsb@abcbsb.com).

(2) Leia “Bete, Mentes?”, de minha autoria, em Usina de Letras (www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=1822&cat=Ensaios).

(3) Guerrilheiros da pena - “Intelectuais” brasileiros e jornalistas, que espalham a mentira de que o desencadeamento da luta armada no Brasil teria sido uma resposta ao AI-5. A cronologia dos atos terroristas, perpetrados durante todo o ano de 1968, e em anos anteriores, desmente essa versão (10). Veja AI-5, ALN, Centro Tricontinental, Contra-revolução de 1964, Escolas de subversão e espionagem, Folhetos cubanos, Foquismo, Frades dominicanos, FSM, FSP, G-11, Instituto 631, Komintern, Libélulas da USP, Ligas Camponesas, “Loucademia”, MEP, MST, OLAS, Organizações subversivas brasileiras, OSPAAAL, Pedagogia do Oprimido, Pinar del Río, Revolução Cultural, Revolução Estudantil, Tricontinental, UIE, ULTAB, UNE e USP em “Arquivo da Intolerância”, de minha autoria, em Usina de Letras (www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=926&cat=Artigos – letras “A” e “B”); demais verbetes, não iniciados com “A” ou “B”, constam em “Arquivo”, link “Artigos”, em ordem alfabética.

(4) AUGUSTO, Agnaldo Del Nero. A Grande Mentira. Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 2001 (www.bibliex.eb.br, bibliex@ism.com.br, DDG 0800 238 365).

(5) Justiçamento - Eufemismo comunista para assassinato, promovido contra pessoas de órgãos de Segurança ou contra próprios “camaradas”. Veja “Os crimes do PCB” em Ternuma (www.ternuma.com.br/historia.htm).

(6) Estória-cobertura - Muito utilizada por espiões, terroristas e criminosos em geral, para encobrir as reais intenções, seja dentro ou fora do país. Consiste em simular uma atividade, p. ex., abrir um comércio, para encobrir a verdadeira atividade. Um exemplo clássico foi o caso de Olga Benário, que deixou o marido B. P. Nikitin na Rússia e acompanhou Luis Carlos Prestes ao Brasil, como se fosse sua mulher: “Olga Bergner Vilar”, casada com “Antônio Vilar”, para promover a Intentona Comunista, em 1935.

(7) Leia em Ternuma Os 10 mitos do Araguaia (www.ternuma.com.br/araguaia.htm )

(8) Leia em Ternuma Os procuradores de ossos (www.ternuma.com.br/procuradores.htm).

(9) Leia o ensaio Annus Gramcii, de minha autoria, no site www.olavodecarvalho.org/convidados/0135.htm

(10) Leia o artigo A TV Lumumba e o AI-5, de minha autoria, em www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=667&cat=Ensaios


Obs.: Comentários sobre o livro do coronel Madruga – acesse Ternuma (www.ternuma.com.br/madruga.htm).


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