COMO SURGIU O CRIME ORGANIZADO
O crime organizado está se tornando um estado paralelo. Tem o poder que tem por culpa de nossos governantes. Mas onde está realmente a culpa deles? Não adianta culpa-los, se não sabemos as causas da violência no Rio de Janeiro.
Primeiro, é importante lembrar que tudo começou com o fim da escravidão. Quando a Lei Áurea libertou os escravos, esta mesma lei não disse o que fazer com um exército de negros sem garantias alguma. Quando eram escravos, os negros, pelo menos, tinham direito a um lugar para dormir, a alimentação, a roupa para se vestir. Não devemos esquecer que eram explorados e viviam em condições precárias. Mas pelo menos tinham alguma coisa. Após serem libertos, ganharam a liberdade e perderam o resto. O estado não lhes deu nenhuma proteção. E onde é que esses libertos foram parar?
Foram parar nos cortiços e em barracos nos morros. Foi o surgimento das favelas. Mas isso aconteceu no Brasil inteiro? Pode perguntar alguém desavisado. É verdade! Só não se deve esquecer que o Rio de Janeiro era a capital do país e onde havia um maior número de escravos servindo a nobreza. E que estes mesmos escravos, em sua grande maioria, se negou a trabalhar para os antigos donos. Além disso, aos poucos, os escravos foram sendo substituídos por imigrantes ou pessoas das classes mais abastardas. E, portanto, ficaram sem emprego e passaram a viver na miséria.
Segundo, não se deve esquecer que o quadro se agravou mais ainda quando da reforma urbana no início do século. Com o intento de transforma o Rio de Janeiro numa cidade européia, os cortiços foram derrubados e a população mais pobre, que morava no centro da cidade, foi expulsa para os morros. Isso agravou ainda mais a situação daqueles que não tinham onde morar. Conseqüência: mais barracos e piora nas condições de vida dessas pessoas.
Se durante as décadas seguintes o governo tivesse investido na melhora das condições de vida dessas pessoas, o crime organizado jamais teria surgido. Porque, o que era apenas alguns elementos roubando e traficando droga, virou uma instituição extremamente lucrativa. Tão lucrativa que foi capaz de fornecer melhores condições de vida aos moradores dos morros; fornecer segurança para as famílias que colaborassem com o crime organizado; fornecer alimentos e uma forma da maioria daqueles que estavam desesperados e passando fome, ter o que comer.
Com isso o crime organizado passou a substituir o estado que nunca fez nada para esses desamparados. E isso só fez aumentar a cumplicidade entre os criminosos e aqueles que dependem deles para ter o que comer. E quem vai querer denunciar alguém que te ajuda? As pessoas só querem pensar no seu bem estar social. Se alguém lhe provém isso, não interessa o que ela faz. Pois é assim que a coisa funciona no Rio de Janeiro.
Portanto, se o governo que combater o crime organizado, não é ocupando os morros e criando pânico na população não. O governo precisa é dar condições de vida para que a população não precise recorrer aos traficantes para que não percam suas casas e não tenham o que comer. Onde não há miséria, não há crime organizado!
Infelizmente nossos governantes preferem escolher o caminho mais fácil. Prender bandidos não é a solução. Prende-se um hoje, amanhã já tem outro no seu lugar. Agora acabe com dependência do crime organizado para ver se ele sobrevive. Portanto, vamos conviver com o crime organizado por muitos anos; até que nossos governantes percebam que estão tratando os efeitos da doença, mas não de suas causas.
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