LIBERDADE, só se for para o bem.
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Qualquer iniciativa, no sentido de monitorar programas de rádio, televisão e afins, a mídia oferece reação imediata. Parece até que, de modo geral, ela não comete excessos.
Na verdade, sempre que desvirtua ou omite informações, procurando impor- à população - idéias, costumes e valores, a mídia pratica censura. A propósito, ao arrumar uma velha estante, deparei-me com a revista Veja, de 07 de novembro de 2001, que, de certa forma, nos dá exemplo desse tipo de censura.
À época, Próximo das eleições, a revista traz à tona uma questão, com prazo de validade vencido, sobre o ex-governador do Rio, Leonel Brizola, já amplamente discutida pelo aparelho repressor da ditadura de 1964 e arquivada por absoluta falta de provas.
A reportagem levanta suspeitas sobre enriquecimento ilícito do ex-governador. Parece que a revista errou de assunto e de político. Ou está querendo encobrir outras autoridades que bem poderiam, com louvor, contribuir para a veracidade da reportagem.
Conforme nos ensina o Papa João Paulo II , “O conhecimento da verdade é condição para uma autêntica liberdade”. E a liberdade, conforme ensinamentos contidos no Catecismo da Igreja Católica, “ é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou não agir, de fazer isto ou aquilo, portanto de praticar atos deliberados”.
Quando falta a razão, não se pode falar em liberdade, mas em loucura. A razão e a finalidade são intrínsecas à autêntica e verdadeira liberdade. Não há que falar, portanto, em liberdade de imprensa, no caso em tela.
A primeira condição da autêntica liberdade deve ter como base a razão, a compreensão inteligente da realidade. E a finalidade, em função da qual queremos ser livres, é o indicador da categoria e da autenticidade de nossa liberdade.
Liberdade para o bem ou para o mal. Portanto, pensar mal leva a escolher mal.
No caso em comento, a reportagem usou da má liberdade. Da liberdade para o mal. E o mau juízo acende a má língua. Toda a calúnia é, na verdade, uma infâmia; e traz consigo a marca da injustiça.
Hoje, a situação continua a mesma. A imprensa faz uso do monólogo e despeja informações desprovidas de um mínimo de verdade. Quando o assunto é reforma da Previdência, por exemplo, a mídia, comprometida com o governo, vale- de vários artifícios indecorosos. Distorce fatos, faz uso da exceção como se fosse a regra geral, omite dados importantes para a compreensão do problema, confunde e desinforma.
E o pior de tudo: não promove o debate, no sentido de ampliar a necessária transparência. Só abre espaços para um lado. Como se a verdade fosse aquela que está do seu lado. Como se a população não tivesse o direito à informação de qualidade.
Como se o presidente, e seus assessores, fossem pessoas incomuns. Que jamais erram. Donos, absolutos, da verdade. A imprensa detesta, com razão, a censura. Mas, sempre que pode, a ela recorre para conseguir seus objetivos, nem sempre bem justificados ou claros.