A CRIAÇÃO – Um Quadro Imaginário Pintado em Letras.
(por Domingos Oliveira Medeiros)
No início de tudo o nada. A ausência de tudo. Silêncio profundo. A imensidão. O universo. As galáxias. O mundo do infinito. Infinito invisível. Infinito pensado. O infinito inimaginável. O infinito do tamanho do infinito. O infinito completo, verdadeiro.
Dentro deste infinito maior, o infinito menor. O infinito de uma certa galáxia. Entre tantas outras. E, nesta galáxia, um certo espaço. Neste espaço, um certo planeta. Finito. Estamos diante da tela de nossa imaginação. Estamos observando e pressentindo o momento. O momento que está por acontecer. Prestes a criar. A origem de tudo.
No centro da tela, o primeiro ponto visível. Ainda de cor indefinida. Aos poucos, o ponto aumenta de tamanho. Já dá para perceber a sua cor. Amarelo brando. Amarelo que vai escurecendo à medida que o ponto aumenta de tamanho.
Aparecem sinais ou manchas avermelhadas. Vermelho que toma conta do amarelo. Vermelho cada vez mais escuro e forte. Vermelho muito escuro. Vermelho quase negro. Negro da cor do petróleo. Negro da cor da energia. De uma certa energia. Um pouco azulada. Que não vemos totalmente, mas que existe. Nós a sentimos.
Em volta desse ponto, do tamanho de uma bola de sinuca, o negro e o vermelho se intercalam. Em movimentos circulares em torno do ponto. Aumentando, gradativamente, a velocidade dos movimentos e a intensidade das cores.
Tudo é muito rápido. Até que acontece a explosão. E segue-se uma chuva de pontos coloridos, que caem para todos os lados. São riscos de cores. Riscos verdes, azuis, amarelos, marrons, violetas, rosas, vermelhos. Riscos que logo se unem e formam duas cores.
Primeiro a cor preta. Ausência de luz. A escuridão. Depois, a cor branca. E logo depois a união. Preto e branco se misturam, em forma de espiral, em torno do ponto inicial.
E, de repente, surgem todas as cores. Em forma de matéria e de energia. Cores que vão do branco ao preto. E surgem as formas. E surgem o brilho; e o som. Diversos. Variados.
O verde assume seus tons. Surgem as matas, as árvores, as plantas, as flores, os caules; e a esperança.
O azul toma conta dos céus e dos mares, formando os dois infinitos. Para cima e para baixo. O infinito para cima, que passa por outras galáxias e atingirá, imagina-se, o infinito verdadeiro. O infinito do infinito. O último dos infinitos. O infinito dos tempos.
E o infinito para baixo. Que desce até as profundezas dos mares e atinge as coisas invisíveis a olho nu. Primeiro as células; passamos pelos átomos e alcançamos a menor partícula; a última partícula; quase que totalmente invisível.
Até encontrar, novamente, o nada. A terra aparece com o marrom e o vermelho do barro. Mantas de cor verde cobrem a terra. E surgem os animais. De todas as formas, tamanhos e cores.
E os movimentos. Dos ventos. Da vida. Os odores. O calor e o frio. O azul escurece no céu. E cai a chuva; de prata. Que enche rios e mares. Em cascatas e cachoeiras. Riachos e ribanceiras despencam das serras. Em direção aos mares.
E nascem os peixes. E a chuva cessa. Os pássaros revoam. Em bandos. Estridentes. Alegres e coloridos. Unidos. Uníssonos. E logo aparece o sol. Com o seu brilho e com a sua energia. Com o seu calor; Que se transforma em alimento; que é beleza e que conforta.
Renascem as flores. Todas bonitas. Muito bonitas. Cada qual com seu perfume e seu brilho próprio. E suas formas diversas.
Outros pássaros sobrevoam a paisagem. O beija-flor, de muitas cores e muitas formas, é o primeiro depois da chegada do sol. Em seguida, as andorinhas; em preto e branco; e logo a seguir, do outro lado do campo, mais aves. Aves amarelas; ararinhas azuis; o cisne branco; e milhares de outros pássaros que voam, cantam e encantam o novo planeta.
E os animais tomam contam das florestas. Também com suas cores e formas. Formas e ruídos variados. Em plena liberdade.
Agora o claro do sol começa a baixar por trás das montanhas. A tarde toma conta do dia. O escuro faz-se noite. Noite que é fria; noite que é estrelada. Noite enluarada. Noite clara, noite escura. Noites. Muitas noites, presume-se.
Vem o sono. O reparo. O novo dia. O dia claro. Que chove quando ainda é escuro. Dia do despertar. Para o novo dia. Para a nova noite. Dia de trabalhar. Dia de viver do suor do nosso rosto. Dia em que surgiu o ser humano. Dia em que soubemos do mal e do bem. Dia que passamos a fazer a opção do dia-a-dia.
A opção do livre arbítrio. A escolha dos caminhos. A opção pela paz. A opção pela guerra. A opção pelo bem. A opção pelo mal.
A opção menor de encerrar tudo neste planeta. A opção maior: de poder chegar ao último infinito e encontrar com a energia; a energia primeira; a energia da criação, do Criador do mundo. A energia que é Deus.